terça-feira, 26 de julho de 2011

* 100 mil bolsas de estudos no exterior!

Durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Dilma e Mercadante apresentaram novo programa para "formar a base de pensamento educacional do país"



Cem mil estudantes terão oportunidade de fazer intercâmbio em faculdades do exterior custeados pelo programa "Ciência Sem Fronteira", divulgado nesta terça-feira (26) pela presidenta Dilma Rousseff e pelo ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).


O programa vai custear bolsas de estudos nas principais universidades fora do Brasil, desde a graduação ao pós-doutorado, e priorizará cursos nas ciências exatas, como Engenharia e áreas tecnológicas. Segundo Mercadante, o objetivo principal é atrair jovens talentos e pesquisadores altamente qualificados para trabalhar no país.

Para a presidenta, a prioridade em selecionar estudandes de ciências exatas não significa que a área de humanidades tenha sua importância diminuída. Segundo ela, o Brasil precisa se reequilibrar para atender ao mercado, que carece de profissionais de ciências exatas.

Os estudantes contemplados vão ser escolhidos a partir do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), além dos que atingirem nota superior a 600 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Poderão ser computados ainda outros requisitos, como prêmios em olimpíadas de matemática.

"A ideia do programa é criar ações orientadas pelo mérito, garantindo que o país possa continuar, aqui dentro, gerando reconhecimento e avanço tecnológico", afirmou Dilma, pontuando que os critérios não excluirão as camadas mais humildes da população. "Nós vamos formar a base de pensamento educacional do país", ressaltou.

* Texto antidroga tem resistência no Senado Federal!

Aprovado na Câmara dos Deputados, um projeto de lei que prevê mensagens antitabaco e antiálcool em livros escolares encontra resistência no Senado Federal. De autoria do deputado Rubens Otoni (PT-GO), prevê a publicação obrigatória de mensagens educativas sobre “males e riscos inerentes” ao consumo de álcool e tabaco nas contracapas de cadernos e livros escolares. O objetivo é usar o material didático como forma de prevenção para crianças e adolescentes.


A proposta está agora nas mãos do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), relator da matéria na Comissão de Educação do Senado. Em outubro de 2009, a Comissão de Assuntos Sociais acatou parecer da então senadora Fátima Cleide (PT-RO) pela rejeição à ideia. “Não há mais espaço para o voluntarismo, ainda que bem-intencionado”, dizia o relatório da petista.

“Estudo patrocinado pelo Banco Mundial (…) alerta que os programas educacionais para o controle do tabagismo desenvolvidos em escolas parecem ser menos eficazes que muitos outros tipos de informação, muito embora se tornem mais efetivos quando as intervenções continuam a empregar técnicas modernas de marketing e mensagens ajustadas aos interesses e às motivações dos jovens”, seguia o texto.

Para Fátima, a medida forçaria as empresas de material didático a se adaptar às novas normas, o que elevaria os custos e o preço dos produtos. Já o autor do projeto defende que a proposta é um ponto de partida para a formulação de estratégias visando à comunicação com os estudantes.

* Inscrições de trabalhos científicos no Simpósio do Papaya Brasileiro terminam no dia 29 de julho

Dia 29 de julho é a data-limite para envio de trabalhos técnico-científicos para apresentação no V Simpósio do Papaya Brasileiro, que vai acontecer de 31 de outubro a 4 de novembro no Náutico Praia Hotel & Convention Center, em Porto Seguro (BA). São aceitos trabalhos inéditos, escritos em português e que representem contribuição para avanço do conhecimento econômico, social e/ou ambiental da cadeia produtiva do mamoeiro. O resumo deve relatar resultado de trabalho de pesquisa científica ou de informação tecnológica. São aceitas revisões bibliográficas, desde que tragam contribuições significativas e inovadoras. E não são aceitas descrições de projetos ou propostas de trabalho. IMPORTANTE: para enviar resumos é preciso estar inscrito no simpósio (tudo pode ser feito pelo site www.papayabrasileiro.com.br).


Nesta quinta edição, o Simpósio do Papaya Brasileiro, principal fórum de integração dos agentes da cadeia produtiva do mamão, é organizado pela Embrapa Mandioca e Fruticultura (Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Pesquisadores, professores, extensionistas, produtores e estudantes vão trocar experiências e informações científico-tecnológicas, sob o tema “Inovação e sustentabilidade”.

Os quatro eventos anteriores foram organizados pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper). Nesta edição, o instituto participa da promoção do evento, que, pela primeira vez, ocorre fora do Espírito Santo. “Recebemos essa missão de grande responsabilidade, pois temos de manter a qualidade do evento — que acontece desde 2003, de dois em dois anos. Vale lembrar que Espírito Santo e Bahia são os dois estados que mais produzem mamão no país. O desafio é ter um evento que dê o retorno prático em termos de intercâmbio científico-tecnológico e também de mercado”, diz o presidente da comissão organizadora, o pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura Jorge Loyola.

Programação –Serão sete painéis, abrangendo 27 palestras, sendo três palestrantes internacionais, que vão tratar de melhoramento genético, do mercado internacional e das perspectivas do processamento de mamão em âmbito mundial. “Para isso, traremos o pesquisador Somasundaram Rajarathnam. A participação desse pesquisador indiano é uma novidade. A Índia é nosso principal competidor em termos de mercado mundial de mamão. Então, ele vai nos trazer o cenário da cultura do mamão hoje naquele país e nos apontar os problemas que enfrentam no que diz respeito à exportação. A presença de um importador de mamão como palestrante em nível internacional também merece destaque por abordar aspectos relacionados à chegada dos frutos que exportamos para a Europa e Estados Unidos”, acrescenta Loyola.

Clínicas de fitossanidade – Outro aspecto inovador são as clínicas de fitossanidade. Haverá a interação direta dos agentes da cadeia produtiva com pesquisadores, em termos de discussão de pragas e doenças. “Nosso objetivo é que o indivíduo leve o seu problema e, ali, com o pesquisador, ele obtenha a receita do que deve ser feito, seja na identificação, seja no controle do problema fitossanitário”, explica o pesquisador. Além disso, os interessados vão poder participar de cursos sobre manejo de pragas e doenças, nutrição, irrigação e fertirrigação do mamoeiro e elaboração de projetos de implantação de pomar de mamão. Todas as informações estão disponíveis no site do evento.


Expectativas – Loyola informa que, nas edições anteriores, a média era de 300 participantes e 100 trabalhos científicos. “Trabalhamos com a meta, neste quinto simpósio, de 350 participantes e 120 trabalhos, que vão ser apresentados em forma de pôsteres. Nossa expectativa é que não seja mais um evento de Papaya Brasil. Esperamos que os gargalos da cadeia produtiva sejam elucidados. São três basicamente os desafios hoje: o pequeno número de variedades utilizadas no sistema de produção; a parte fitossanitária, relacionada ao problema muito sério de doenças fúngicas e viróticas; e as questões de mercado, relacionadas às elevadas exigências do mercado internacional”, completa.

* Movimentos sociais lançam livro sobre Tribunal Popular

No dia 28 de julho de 2011 , às 15h, será lançado o livro Tribunal Popular – O Estado Brasileiro no banco dos réus. A publicação relata os casos, depoimentos e o julgamento popular que deu origem ao Tribunal Popular, realizado de 4 a 6 de dezembro de 2008.



O objetivo da obra é difundir o papel do Estado brasileiro diante dos setores mais pobres da população e daqueles que lutam por direitos. O evento ocorrerá no Salão Nobre da Faculdade de Direito, no Largo São Francisco, no centro de São Paulo (SP). O lançamento será realizado durante o XV ENED – Encontro Nacional dos Estudantes de Direito.

* Digitalização barateia compra de livros didáticos nos Estados Unidos

Há um debate muito grande acontecendo agora nos Estados Unidos sobre se o livro em papel vai desaparecer da sala de aula, afinal muitas escolas já estão usando os tablets. Além de aliviar as costas dos jovens, ao mesmo tempo é um material mais interativo, conectado à internet.


Uma empresa criou recentemente o que está sendo considerado uma das maiores inovações em termos de produção de livros didáticos. Eles trabalham especialmente com universidades e colocaram um livro de Biologia, com mais de mil páginas, em um aplicativo.


O mais interessante dessa experiência é que você pode comprar o livro por capítulos, o que acaba barateando o material. Além disso, eles desenvolveram um software onde você consegue anotar ao lado desse livro e, com isso, passa a fazer parte de uma rede social com professores e alunos que estão debatendo em tempo real aquele conteúdo.


Ou seja, o livro se transforma imediatamente em uma plataforma interativa conectada a uma rede social com professores e alunos. Algumas faculdades de Medicina já estão solicitando que os alunos comprem apenas esse aplicativo.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

* Um desabafo de hoje, DIA DO ESCRITOR


Enquanto na Antiguidade o dom de escrever era considerado dádiva divina e os escritores respeitados a ponto de serem como semi deuses, numa época que poucos sabiam ler e escrever, atualmente a degeneração da escrita é chocante.


Na Antiguidade uma casta superior de seres que sabiam ler e detinham ass...im o poder (conhecimento é poder), manipulando o povo. Atualmente, mesmo com campanhas de alfabetização, muita gente sabendo ler, não há uma acurada dedicação à qualidade do que se produz.


Com a popularização da escrita e da leitura veio banalização do que se publica.


Enquanto na Antiguidade quando surgiu a escrita e a imprensa se divulgava mais textos religiosos e filosóficos, registros históricos e Literatura erudita, atualmente publicam-se textos pornográficos e há culto de uma literatura underground entremeada de palavras de calão sem formais bem elaborados.


Se isso o que vivemos hoje de Civilização, com certeza estamos entre na mais baixa colocação entre o que a Humanidade produziu se levar em conta a quantidade do que é publicado.


O progresso tecnológico ficou acima do progresso cultural. Ou seja, o incentivo às artes foi substituído pelo incentivo à mecanização humana.


Minha mãe octagenária, artista, diz que o progresso tecnológico superou o progresso artístico e a erudição do nosso povo (uma programada falta de educação em massa). E vejo nessa afirmativa uma realidade grotesca através da sabedoria da minha mãe.


Há mais incentivos para comprar um eletrodoméstico do que incentivos para comprar um livro (existem quantas propagandas na TV de novos livros lançados no mercado? E quantas propagandas de eletrodomésticos, roupas e sapatos de grifes e outros consumíveis).


Bom seria que essa nossa chamada “civilização” (que a chamo de decadente e putrefata em suas bases consumistas capitalistas que depredam o nosso Planeta) consumisse Arte como consome tantos bagulhos enlatados, plastificados e eletrificados!







Inspirado na observação histórica:


"Os antigos diziam que a escrita é uma dádiva dos deuses.


No egito os escritores eram considerados com dons divinos tendo destaque na hierarquia social mais ainda que os escultores, arquitetos e pintores.


Os árabes sempre valorizaram a escrita e o escritor:


1- Segundo o Alcorão, a primeira palavra que Deus disse ao Homem foi: "LEIA"!


2- Os muçulmanos vêem como uma forma de oração e de religiosidade escrever bem e bonita a forma do nome de Alá e do Profeta Maomé.


Na Índia a escrita foi revelada pelo próprio Deus aos Rishis à qual chamaram Veda, palavra que deriva do verbo Vid que significa ver – compare-se com o verbo latino vídeo e com a palavra ver e era transmitida de pais para filhos por isso também a essa literatura se chama “śruti”, isto é ouvida, transmitida de boca a ouvido. Essa é a escritura revelada. Foram os citados hinos coleccionados em os chamados maṇḍalas ou círculos que são dez ao todo e a totalidade dos hinos soma nada menos que 1028. Juntamente com as outras colecções que dizem respeito respectivamente ao ritual, à música (por serem entoados), à magia e esconjuros (aí encontramos os primeiros elementos de medicina) formam as quatro colecções da literatura sagrada à qual se chamou Veda. É portanto a sabedoria que foi mostrada por Deus."
Completando esse quadro de ignorância politico social à Literatura, próximo ano, como em 2 em 2 anos ocorre em nossa Nação, veremos novamente gastos exorbitantes com publicações gráficas sobre seres nauseabundos que proliferam em propaganda...s ridículas das campanhas eleitorais politiqueiras. Histrionismos de megalomaníacos golpistas! Tantos gastos com publicidade em papel e plástico para o povo pisar pelas calçadas sobre as estampas das fotos obrônicas de muitos falsos seres com propostas que nunca serão cumpridas se assumirem o poder! E pior: a maioria quando consegue eleição não investe em projetos culturais; não investe no enriquecimento e na popularização da nossa Literatura, quanto mais na erudição do nosso povo!

* O Poema mais antigo do mundo

COMEMORANDO O DIA DO ESCRITOR: A POESIA NA ANTIGUIDADE!



- Qual o poema mais antigo do mundo?



A poesia como uma forma de arte pode ser anterior à escrita. Muitas obras antigas, desde os vedas indianos (1700-1200 a.C.) e os Gathas de Zoroastro (1200-900 aC), até a Odisseia (800 - 675 a.C.), parecem ter sido compostas em forma poética para ajudar a memorização e a transmissão oral nas sociedades pré-históricas e antigas. A poesia aparece entre os primeiros registros da maioria das culturas letradas, com fragmentos poéticos encontrados em antigos monolitos, pedras rúnicas e estelas.

O poema épico mais antigo sobrevivente é a Epopeia de Gilgamesh, originado no terceiro milênio a.C. na Suméria (na Mesopotâmia, atual Iraque), que foi escrito em escrita cuneiforme em tabletes de argila e, posteriormente, papiro. Outras antigas poesias épicas incluem os épicos gregos Ilíada. e Odisseia, os livros iranianos antigos Gathas Avesta e Yasna, o épico nacional romano Eneida, de Virgílio, e os épicos indianos Ramayana e Mahabharata.

Os esforços dos pensadores antigos em determinar o que faz a poesia uma forma distinta, e o que distingue a poesia boa da má, resultou na "poética", o estudo da estética da poesia. Algumas sociedades antigas, como a chinesa através do Shi Jing, um dos Cinco Clássicos do confucionismo, desenvolveu cânones de obras poéticas que tinham ritual bem como importância estética. Mais recentemente, estudiosos têm se esforçado para encontrar uma definição que possa abranger diferenças formais tão grandes como aquelas entre The Canterbury Tales de Geoffrey Chaucer e Oku no Hosomichi de Matsuo Basho, bem como as diferenças no contexto que abrangem a poesia religiosa Tanakh, poesia romântica e rap.


O contexto pode ser essencial para a poética e para o desenvolvimento do gênero e da forma poética. Poesias que registram os eventos históricos em termos épicos, como Gilgamesh ou o Shahnameh, de Ferdusi,[7] serão necessariamente longas e narrativas, enquanto a poesia usada para propósitos litúrgicos (hinos, salmos, suras e hadiths) é suscetível de ter um tom de inspiração, enquanto que elegia e tragédia são destinadas a invocar respostas emocionais profundas. Outros contextos incluem cantos gregorianos, o discurso formal ou diplomático,[8] retórica e invectiva políticas,[9] cantigas de roda alegres e versos fantásticos, e até mesmo textos médicos.


O historiador polonês de estética Władysław Tatarkiewicz, em um trabalho acadêmico sobre "O Conceito de Poesia", traça a evolução do que são na verdade dois conceitos de poesia. Tatarkiewicz assinala que o termo é aplicado a duas coisas distintas que, como o poeta Paul Valéry observou, "em um certo ponto encontram união. [...] A poesia é uma arte baseada na linguagem. Mas a poesia também tem um significado mais geral [...] que é difícil de definir, porque é menos determinado: a poesia expressa um certo estado da mente.

O poema, é o seu sentimento expressado em belas palavras, palavras que tocam a alma. Poesia é diferente de poema. o Poema é a forma que se está escrito e a poesia é o que dá a emoção ao texto.

* O Livro mais antigo do mundo!

COMEMORANDO O DIA DO ESCRITOR: - EIS AQUI O LIVRO MAIS ANTIGO DO MUNDO:


. O I CHING


Publicação da Revista Superinteressante:


...


I CHING - O livro mais antigo do mundo


Nos últimos 3 mil anos, os 64 hexagramas chineses foram guia espiritual, manual de governo e fonte para a ciência moderna. Conheça essa misteriosa história

José Francisco Botelho






Zero, um, zero, zero, um, um. Sem esses dois números em combinações intermináveis, o mundo de hoje seria chatíssimo. Eles formam o código binário, usado por todo computador que existe para transmitir trilhões de dados dia a dia, guardar toda uma vida numa caixa postal de e-mail e deixar íntimas pessoas que moram a milhares de quilômetros de distância. Esse sistema foi cunhado no século 18 pelo matemático alemão Gottfried Wilhelm Leibniz, mas sua origem, segundo o próprio Leibniz, é muito mais antiga. Está em um livro chinês de adivinhação e consulta espiritual que guardaria a verdade universal, seria uma miniatura do infinito e a chave para o funcionamento do Universo: o I Ching, o Livro das Mutações.

Com pelo menos 3 mil anos de existência, o I Ching se baseia na idéia de mutação contínua, regida pela soma das forças cósmicas do yin (a sombra) e do yang (a luz). O livro caminhou junto com a história da China. Ajudou a criar religiões orientais, como o taoísmo, foi a principal fonte de inspiração do pensador chinês Confúcio e serviu como elemento unificador do país durante o século 3 a.C. Também deixou herança não apenas na matemática ocidental. "O I Ching está mais ligado ao inconsciente que à atitude racional da consciência", escreveu em 1949 o psicanalista Carl Jung, que usava o livro em sessões de análise. Para o físico Niels Bohr, a obra está na raiz da física quântica, um dos principais pilares da ciência atual. Com você, a história do livro mais antigo do mundo.

* Os Livros Sagrados mais antigos da Humanidade

COMEMORANDO O DIA DO ESCRITOR: - OS LIVROS SAGRADOS MAIS ANTIGOS DA HISTÓRIA:

- OS VEDAS

Publicado na Revista Superinteressante, este estudo de análise científica mostra como surgiram os textos:

...


Os Vedas: um livro aberto


Entenda por que os Vedas, escrituras sagradas mais antigas da história, são ao mesmo tempo origem da unidade e da diversidade das múltiplas correntes do hinduísmo


por Texto André Santoro e André Victor Sartorelli


Há cerca de 3 500 anos, as comunidades na região do vale do Indo, atual norte da Índia, começaram a organizar um dos sistemas religiosos mais antigos de que temos notícia: o hinduísmo. Suas crenças foram transmitidas oralmente de geração em geração por muitos séculos até serem transcritas nos Vedas, compilação de hinos e preces considerada como o primeiro livro sagrado da história. O conteúdo dessa literatura sagrada, composta de 4 volumes de texto em versos, explica ao mesmo tempo a unidade e a variedade das múltiplas correntes do hinduísmo. Graças a alguns de seus ensinamentos mais importantes, esse conjunto de livros é sagrado para mais de 1 bilhão de pessoas que seguem seitas tão diferentes a ponto de serem monoteístas, politeístas ou panteístas – e ainda assim integrarem a mesma religião.

Os historiadores acreditam que a primeira versão dos Vedas em papel seja do século 2 a.C., quando o povo hindu desenvolveu um sistema de escrita. Segundo a lenda, eles teriam sido organizados por Vyasa, um sábio que seria a encarnação de Vishnu, deus que em todos os ciclos de criação e destruição do Universo elabora as escrituras em 4 livros, para garantir que os cânticos se propaguem e se eternizem. O mesmo Vyasa seria responsável por outros textos sagrados do hinduísmo, como o Mahabharata, ditado por ele a Ganesh, o deus com cabeça de elefante, que teria passado as palavras para o papel. Lendas à parte, os historiadores estimam que os 4 Vedas – RigVeda, Yajurveda, Samaveda e Atharvaveda – teriam sido compilados entre 1500 e 900 a.C. Mas, seja qual for sua origem, é nos textos védicos que estão os principais conceitos e símbolos do hinduísmo, os deuses, lendas e ensinamentos que dão forma e unidade à religião.

“A essência da tradição dos Vedas é o respeito aos ancestrais e a vinculação aos deuses”, afirma Carlos Eduardo Barbosa. “Essas condições pautaram e pautam todas as correntes do hinduísmo. Por isso, esses livros são aceitos como textos sagrados por todos os seguidores de todas as correntes”, afirma o cientista da religião Joachim Andrade, autor de uma tese de doutorado sobre a cultura hindu. Os Vedas foram cruciais no período inicial do hinduísmo, porque ajudaram a aglutinar várias crenças pré-históricas em um mesmo sistema religioso. Mais tarde, no século 9, a religião passou por um processo organizado de unificação, e os textos védicos foram igualmente importantes para garantir a reunião de várias crenças diferentes em um mesmo sistema religioso. Na época, por influência de um sacerdote hindu chamado Adi Shankara, várias correntes do hinduísmo que não acreditavam nos antigos textos sagrados reconduziram os 4 livros ao seu espaço privilegiado nos rituais. Até porque seu conteúdo era aberto o suficiente para cada grupo tirar dele sua própria interpretação e multiplicar ainda mais as correntes hinduístas.

A multiplicação de crenças

“Os Vedas são textos ritualísticos, e não uma enciclopédia de procedimentos religiosos”, diz Carlos Eduardo Barbosa, especialista em cultura hindu e professor do Instituto de Cultura Hindu Naradeva Shala, em São Paulo. Além disso, todos os textos incorporam um conceito filosófico que está na origem de todo o sistema de crenças hinduísta e permanece vivo na maioria das correntes existentes hoje em dia: o monismo. “Segundo essa filosofia, somos todos partes de uma coisa só, que é uma espécie de inteligência divina”, diz o historiador Edgard Ferreira Neto, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Esse princípio de tolerância a outros credos presente nos Vedas distingue a religião hindu de muitas outras, em que a fé alheia não é vista com bons olhos, e permite uma convivência pacífica entre as correntes que nascem de cada interpretação diferente que ele permite. Carlos Eduardo Barbosa, que já foi à Índia várias vezes, dá um exemplo da unidade que existe entre os hindus, apesar da diversidade de crenças. “Nas ruas, em todos os cantos, você encontra devotos do deus Ganesh, por exemplo, convivendo em harmonia com devotos de Shiva. Pessoas que cultuam divindades diferentes se respeitam mutuamente, pois todos se reconhecem como hindus autênticos, apesar das diferenças.”



E aqui vale dar uma idéia do que é a variedade de crenças do hinduísmo. Em relação aos cultos, existem 4 principais: vaishnavas, shaivas, shaktas e smartas. Entre outras particularidades, cada uma concentra seus rituais de devoção em deuses específicos – no shaivismo, por exemplo, a divindade mais respeitada é Shiva. Outro tipo de classificação leva em conta a filosofia de vida e a interpretação dos textos sagrados. Nesse campo há pelo menos 6 escolas principais: sankhya, yoga, nyaya, vaisheshika, purva mimamsa e vedanta – todas têm, igualmente, suas respectivas subdivisões. “Trata-se de uma religião que incorpora a sabedoria de vários mestres, e que, por isso, abre espaço para inúmeras interpretações”, afirma Joachim Andrade.

A variedade é tão grande que seguidores de crenças monoteístas, politeístas ou panteístas – que acreditam em um deus universal, em vários ou na presença deles em todas as coisas – tomam banho juntos no mesmo rio Ganges, todos debaixo do grande guarda-chuva hinduísta. Os shaivistas adoram Shiva, mas reconhecem a existência de outros deuses, logo, são politeístas. Os vaishnavas gaudias são devotos exclusivos de Krishna, e são considerados monoteístas. Já os vedantas acreditam que todo o Universo e a realidade são expressões de Brahma, princípio infinito, sem passado nem futuro, e se encaixam na categoria dos panteístas. Apesar das diferenças fundamentais, essas correntes têm pelo menos uma coisa em comum: “Todas as correntes aceitam os Vedas como escrituras sagradas”, diz Carlos Eduardo Barbosa.

Para muitos, a descentralização da doutrina é a grande responsável pela sua riqueza. Mas diante de tanta diversidade é natural que surjam correntes que se distanciam e, em alguns casos, acabam se transformando em religiões independentes. É o caso do budismo e do jainismo, que surgiram do seio do hinduísmo antigo e reúnem seguidores até hoje. O budismo surgiu por volta do século 6 a.C., por causa do descontentamento de alguns sábios e sacerdotes com os rituais e sacrifícios difundidos nos Vedas, entre outras características dos textos hindus. O jainismo, que se organizou a partir do século 7 a.C., tem como base doutrinária o princípio da não-violência contra todos os seres vivos como forma de alcançar a elevação espiritual. Outra corrente que ganhou contornos de religião independente foi o sikhismo, que surgiu no século 15 e defende a impossibilidade de encarnação e representação de Deus, entre outros princípios. De uma forma ou de outra, todas beberam da mesma fonte ancestral, antes de assumirem sua própria identidade. Seguindo seus caminhos como religiões independentes, elas também preservaram o ideal de tolerância cultivado nas civilizações do vale do Indo. Numa região em que tantas religiões nasceram, isso provavelmente foi uma condição fundamental para sua existência.





Divinas tetas


Na história do culto ao gado, bois podiam ser sacrificados. Vacas leiteiras, não


No ocidente, o culto às vacas é tido como um dos principais símbolos do hinduísmo. E, de fato, o animal tem um status diferenciado na maioria das correntes da religião hindu. A origem dessa adoração remonta ao período em que os Vedas foram compostos, a partir de 1.500 a.C. “Uma das explicações é o fato de os habitantes da antiga Índia serem pastores nômades, que dependiam do gado para a sobrevivência e, portanto, precisavam proteger seus rebanhos”, diz o especialista Carlos Eduardo Barbosa. Ainda assim, no entanto, os animais eram sacrificados em rituais – mas as vacas leiteiras eram poupadas. Esse salvo-conduto das fêmeas é citado em algumas passagens do próprio Rigveda, do Mahabharata e de um importante código de conduta dos hindus, o Manu-smirti (também conhecido como As Leis de Manu), escrito a partir de 200 a.C.. Com o tempo, as vacas foram ganhando importância e, cada vez mais, passaram a ser associadas às principais divindades do hinduísmo. Hoje, em algumas seitas, a agressão contra o animal equivale a um atentado contra um sacerdote.

* História da origem da Bíblia

COMEMORANDO O DIA DO ESCRITOR: - O CONJUNTO DE LIVROS QUE MAIS INFLUENCIOU O MUNDO!


A BÍBLIA REUNE LIVROS QUE MAIS INFLUENCIARAM O MUNDO!

VEJAMOS AQUI UM ESTUDO ACURADO CIENTÍFICO SOBRE AS ORIGENS DA BÍBLIA PUBLICADO NA REVISTA SUPERINTERESSANTE:
......


Em algum lugar do Oriente Médio, por volta do século 10 a.C., uma pessoa decidiu escrever um livro. Pegou uma pena, nanquim e folhas de papiro (uma planta importada do Egito) e começou a contar uma história mágica, diferente de tudo o que já havia sido escrito. Era tão forte, mas tão forte, que virou uma obsessão. Durante os 1 000 anos seguintes, outras pessoas continuariam reescrevendo, rasurando e compilando aquele texto, que viria a se tornar o maior best seller de todos os tempos: a Bíblia. Ela apresentou uma teoria para o surgimento do homem, trouxe os fundamentos do judaísmo e do cristianismo, influenciou o surgimento do islã, mudou a história da arte – sem a Bíblia, não existiriam os afrescos de Michelangelo nem os quadros de Leonardo da Vinci – e nos legou noções básicas da vida moderna, como os direitos humanos e o livre-arbítrio. Mas quem escreveu, afinal, o livro mais importante que a humanidade já viu? Quem eram e o que pensavam essas pessoas? Como criaram o enredo, e quem ditou a voz e o estilo de Deus? O que está na Bíblia deve ser levado ao pé da letra, o que até hoje provoca conflitos armados? A resposta tradicional você já conhece: segundo a tradição judaico-cristã, o autor da Bíblia é o próprio Todo-Poderoso. E ponto final. Mas a verdade é um pouco mais complexa que isso.

A própria Igreja admite que a revelação divina só veio até nós por meio de mãos humanas. A palavra do Senhor é sagrada, mas foi escrita por reles mortais. Como não sobraram vestígios nem evidências concretas da maioria deles, a chave para encontrá-los está na própria Bíblia. Mas ela não é um simples livro: imagine as Escrituras como uma biblioteca inteira, que guarda textos montados pelo tempo, pela história e pela fé. Aliás, o termo “Bíblia”, que usamos no singular, vem do plural grego ta biblia ta hagia – “os livros sagrados”. A tradição religiosa sempre sustentou que cada livro bíblico foi escrito por um autor claramente identificável. Os 5 primeiros livros do Antigo Testamento (que no judaísmo se chamam Torá e no catolicismo Pentateuco) teriam sido escritos pelo profeta Moisés por volta de 1200 a.C. Os Salmos seriam obra do rei Davi, o autor de Juízes seria o profeta Samuel, e assim por diante. Hoje, a maioria dos estudiosos acredita que os livros sagrados foram um trabalho coletivo. E há uma boa explicação para isso.

As histórias da Bíblia derivam de lendas surgidas na chamada Terra de Canaã, que hoje corresponde a Líbano, Palestina, Israel e pedaços da Jordânia, do Egito e da Síria. Durante séculos acreditou-se que Canaã fora dominada pelos hebreus. Mas descobertas recentes da arqueologia revelam que, na maior parte do tempo, Canaã não foi um Estado, mas uma terra sem fronteiras habitada por diversos povos – os hebreus eram apenas uma entre muitas tribos que andavam por ali. Por isso, sua cultura e seus escritos foram fortemente influenciadas por vizinhos como os cananeus, que viviam ali desde o ano 5000 a.C. E eles não foram os únicos a influenciar as histórias do livro sagrado.

As raízes da árvore bíblica também remontam aos sumérios, antigos habitantes do atual Iraque, que no 3o milênio a.C. escreveram a Epopéia de Gilgamesh. Essa história, protagonizada pelo semideus Gilgamesh, menciona uma enchente que devasta o mundo (e da qual algumas pessoas se salvam construindo um barco). Notou semelhanças com a Bíblia e seus textos sobre o dilúvio, a arca de Noé, o fato de Cristo ser humano e divino ao mesmo tempo? Não é mera coincidência. “A Bíblia era uma obra aberta, com influências de muitas culturas”, afirma o especialista em história antiga Anderson Zalewsky Vargas, da UFRGS.

Foi entre os séculos 10 e 9 a.C. que os escritores hebreus começaram a colocar essa sopa multicultural no papel. Isso aconteceu após o reinado de Davi, que teria unificado as tribos hebraicas num pequeno e frágil reino por volta do ano 1000 a.C. A primeira versão das Escrituras foi redigida nessa época e corresponde à maior parte do que hoje são o Gênesis e o Êxodo. Nesses livros, o tema principal é a relação passional (e às vezes conflituosa) entre Deus e os homens. Só que, logo no começo da Beeblia, já existiu uma divergência sobre o papel do homem e do Senhor na história toda. Isso porque o personagem principal, Deus, é tratado por dois nomes diferentes.

Em alguns trechos ele é chamado pelo nome próprio, Yahweh – traduzido em português como Javé ou Jeová. É um tratamento informal, como se o autor fosse íntimo de Deus. Em outros pontos, o Todo-Poderoso é chamado de Elohim, um título respeitoso e distante (que pode ser traduzido simplesmente como “Deus”). Como se explica isso? Para os fundamentalistas, não tem conversa: Moisés escreveu tudo sozinho e usou os dois nomes simplesmente porque quis. Só que um trecho desse texto narra a morte do próprio Moisés. Isso indica que ele não é o único autor. Os historiadores e a maioria dos religiosos aceitam outra teoria: esses textos tiveram pelo menos outros dois editores.

Acredita-se que os trechos que falam de Javé sejam os mais antigos, escritos numa época em que a religiosidade era menos formal. Eles contêm uma passagem reveladora: antes da criação do mundo, “Yahweh não derramara chuva sobre a terra, e nem havia homem para lavrar o solo”. Essa frase, “não havia homem para lavrar o solo”, indica que, na primeira versão da Bíblia, o homem não era apenas mais uma criação de Deus – ele desempenha um papel ativo e fundamental na história toda. “Nesse relato, o homem é co-criador do mundo”, diz o teólogo Humberto Gonçalves, do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos, no Rio Grande do Sul.


Pelo nome que usa para se referir a Deus (Javé), o autor desses trechos foi apelidado de Javista. Já o outro autor, que teria vivido por volta de 850 a.C., é apelidado de Eloísta. Mais sisudo e religioso, ele compôs uma narrativa bastante diferente. Ao contrário do Deus-Javé, que fez o mundo num único dia, o Deus-Elohim levou 6 (e descansou no 7o). Nessa história, a criação é um ato exclusivo de Deus, e o homem surge apenas no 6o dia, junto aos animais.

Tempos mais tarde, os dois relatos foram misturados por editores anônimos – e a narrativa do Eloísta, mais comportada, foi parar no início das Escrituras. Começando por aquela frase incrivelmente simples e poderosa, notória até entre quem nunca leu a Bíblia: “E, no início, Deus criou o céu e a terra...”

Em 589 a.C., Jerusalém foi arrasada pelos babilônios, e grande parte da população foi aprisionada e levada para o atual Iraque. Décadas depois, os hebreus foram libertados por Ciro, senhor do Império Persa – um conquistador “esclarecido”, que tinha tolerância religiosa. Aos poucos, os hebreus retornaram a Canaã – mas com sua fé transformada. Agora os sacerdotes judaicos rejeitavam o politeísmo e diziam que Javé era o único e absoluto deus do Universo. “O monoteísmo pode ter surgido pelo contato com os persas – a religião deles, o masdeísmo, pregava a existência de um deus bondoso, Ahura Mazda, em constante combate contra um deus maligno, Arimã. Essa noção se reflete até na idéia cristã de um combate entre Deus e o Diabo”, afirma Zalewsky, da UFRGS.

A versão final do Pentateuco surgiu por volta de 389 a.C. Nessa época, um religioso chamado Esdras liderou um grupo de sacerdotes que mudaram radicalmente o judaísmo – a começar por suas escrituras. Eles editaram os livros anteriores e escreveram a maior parte dos livros Deuteronômio, Números, Levítico e também um dos pontos altos da Bíblia: os 10 Mandamentos. Além de afirmar o monoteísmo sem sombra de dúvidas (“amarás a Deus acima de todas as coisas” é o primeiro mandamento), a reforma conduzida por Esdras impunha leis religiosas bem rígidas, como a proibição do casamento entre hebreus e não-hebreus. Algumas das leis encontradas no Levítico se assemelham à ética moderna dos direitos humanos: “Se um estrangeiro vier morar convosco, não o maltrates. Ama-o como se fosse um de vós”.

Outras passagens, no entanto, descrevem um Senhor belicoso, vingativo e sanguinário, que ordena o extermínio de cidades inteiras – mulheres e crianças incluídas. “Se a religião prega a compaixão, por que os textos sagrados têm tanto ódio?”, pergunta a historiadora americana Karen Armstrong, autora de um novo e provocativo estudo sobre a Bíblia. Para os especialistas, a violência do Antigo Testamento é fruto dos séculos de guerras com os assírios e os babilônios. Os autores do livro sagrado foram influenciados por essa atmosfera de ódio, e daí surgiram as histórias em que Deus se mostra bastante violento e até cruel. Os redatores da Bíblia estavam extravasando sua angústia.

Por volta do ano 200 a.C., o cânone (conjunto de livros sagrados) hebraico já estava finalizado e começou a se alastrar pelo Oriente Médio. A primeira tradução completa do Antigo Testamento é dessa época. Ela foi feita a mando do rei Ptolomeu 2o em Alexandria, no Egito, grande centro cultural da época. Segundo uma lenda, essa tradução (de hebraico para grego) foi realizada por 72 sábios judeus. Por isso, o texto é conhecido como Septuaginta. Além da tradução grega, também surgiram versões do Antigo Testamento no idioma aramaico – que era uma espécie de língua franca do Oriente Médio naquela época.

Dois séculos mais tarde, a Bíblia em aramaico estava bombando: ela era a mais lida na Judéia, na Samária e na Galiléia (províncias que formam os atuais territórios de Israel e da Palestina). Foi aí que um jovem judeu, grande personagem desta história, começou a se destacar. Como Sócrates, Buda e outros pensadores que mudaram o mundo, Jesus de Nazaré nada deixou por escrito – os primeiros textos sobre ele foram produzidos décadas após sua morte.

E o cristianismo já nasceu perseguido: por se recusarem a cultuar os deuses oficiais, os cristãos eram considerados subversivos pelo Império Romano, que dominava boa parte do Oriente Médio desde o século 1 a.C. Foi nesse clima de medo que os cristãos passaram a colocar no papel as histórias de Jesus, que circulavam em aramaico e também em coiné – um dialeto grego falado pelos mais pobres. “Os cristãos queriam compreender suas origens e debater seus problemas de identidade”, diz o teólogo Paulo Nogueira, da Universidade Metodista de São Paulo. Para fazer isso, criaram um novo gênero literário: o evangelho. Esse termo, que vem do grego evangélion (“boa-nova”), é um tipo de narrativa religiosa contando os milagres, os ensinamentos e a vida do Messias.

A maioria dos evangelhos escritos nos séculos 1 e 2 desapareceu. Naquela época, um “livro” era um amontoado de papiros avulsos, enrolados em forma de pergaminho, podendo ser facilmente extraviados e perdidos. Mas alguns evangelhos foram copiados e recopiados à mão, por membros da Igreja. Até que, por volta do século 4, tomaram o formato de códice – um conjunto de folhas de couro encadernadas, ancestral do livro moderno. O problema é que, a essa altura do campeonato, gerações e gerações de copiadores já haviam introduzido alterações nos textos originais – seja por descuido, seja de propósito. “Muitos erros foram feitos nas cópias, erros que às vezes mudaram o sentido dos textos. Em certos casos, tais erros foram também propositais, de acordo com a teologia do escrivão”, afirma o padre e teólogo Luigi Schiavo, da Universidade Católica de Goiás. Quer ver um exemplo?

Sabe aquela famosa cena em que Jesus salva uma adúltera prestes a ser apedrejada? De acordo com especialistas, esse trecho foi inserido no Evangelho de João por algum escriba, por volta do século 3. Isso porque, na época, o cristianismo estava cortando seu cordão umbilical com o judaísmo. E apedrejar adúlteras é uma das leis que os sacerdotes-escritores judeus haviam colocado no Pentateuco. A introdução da cena em que Jesus salva a adúltera passa a idéia de que os ensinamentos de Cristo haviam superado a Torá – e, portanto, os cristãos já não precisavam respeitar ao pé da letra todos os ensinamentos judeus.


A julgar pelo último livro da Bíblia cristã, o Apocalipse (que descreve o fim do mundo), o receio de ter suas narrativas “editadas” era comum entre os autores do Novo Testamento. No versículo 18, lê-se uma terrível ameaça: “Se alguém fizer acréscimos às páginas deste livro, Deus o castigará com as pragas descritas aqui”. Essa ameaça reflete bem o clima dos primeiros séculos do cristianismo: uma verdadeira baderna teológica, com montes de seitas defendendo idéias diferentes sobre Deus e o Messias. A seita dos docetas, por exemplo, acreditava que Jesus não teve um corpo físico. Ele seria um espírito, e sua crucificação e morte não passariam – literalmente – de ilusão de ótica. Já os ebionistas acreditavam que Jesus não nascera Filho de Deus, mas fora adotado, já adulto, pelo Senhor. A primeira tentativa de organizar esse caos das Escrituras ocorreu por volta de 142 – e o responsável não foi um clérigo, mas um rico comerciante de navios chamado Marcião.


A Bíblia segundo Marcião

Ele nasceu na atual Turquia, foi para Roma, converteu-se ao cristianismo, virou um teólogo influente e resolveu montar sua própria seleção de textos sagrados. A Bíblia de Marcião era bem diferente da que conhecemos hoje. Isso porque ele simpatizava com uma seita cristã hoje desaparecida, o gnosticismo. Para os gnósticos, o Deus do Velho Testamento não era o mesmo que enviara Jesus – na verdade, as duas divindades seriam inimigas mortais. O Deus hebraico era monstruoso e sanguinário, e controlava apenas o mundo material. Já o universo espiritual seria dominado por um Deus bondoso, o pai de Jesus. A Bíblia editada por Marcião continha apenas o Evangelho de João, 11 cartas de Paulo e nenhuma página do Velho Testamento. Se as idéias de Marcião tivessem triunfado, hoje as histórias de Adão e Eva no paraíso, a arca de Noé e a travessia do mar Vermelho não fariam parte da cultura ocidental. Mas, por volta de 170, o gnosticismo foi declarado proibido pelas autoridades eclesiásticas, e o primeiro editor da Bíblia cristã acabou excomungado.

Roma, até então pior inimiga dos cristãos, ia se rendendo à nova fé. Em 313, o imperador romano Constantino se aliou à Igreja. Ele pretendia usar a força crescente da nova religião para fortalecer seu império. Para isso, no entanto, precisava de uma fé una e sólida. A pressão de Constantino levou os mais influentes bispos cristãos a se reunirem no Concílio de Nicéia, em 325, para colocar ordem na casa de Deus. Ali, surgiu o cânone do cristianismo – a lista oficial de livros que, segundo a Igreja, realmente haviam sido inspirados por Deus.

“A escolha também era política. Um grupo afirmou seu poder e autoridade sobre os outros”, diz o padre Luigi. Esse grupo era o dos cristãos apostólicos, que ganharam poder ao se aliar com o Império Romano. Os apostólicos eram, por assim dizer, o “partido do governo”. E por isso definiram o que iria entrar, ou ser eliminado, das Escrituras.

Eles escolheram os evangelhos de Marcos, Mateus, Lucas e João para representar a biografia oficial de Cristo, enquanto as invenções dos docetas, dos ebionistas e de outras seitas foram excluídas, e seus autores declarados hereges. Os textos excluídos do cânone ganharam o nome de “apócrifos” – palavra que vem do grego apocrypha, “o que foi ocultado”. A maioria dos apócrifos se perdeu – afinal de contas, os escribas da Igreja não estavam interessados em recopiá-los para a posteridade. Mas, com o surgimento da arqueologia, no século 19, pedaços desses textos foram encontrados nas areias do Oriente Médio. É o caso de um polêmico texto encontrado em 1886 no Egito. Ele é assinado por uma certa “Maria” que muitos acreditam ser a Madalena, discípula de Jesus, presente em vários trechos do Novo Testamento. O evangelho atribuído a ela é bem feminista: Madalena é descrita como uma figura tão importante quanto Pedro e os outros apóstolos. Nos primórdios do cristianismo, as mulheres eram aceitas no clero – e eram, inclusive, consideradas capazes de fazer profecias. Foi só no século 3 que o sacerdócio virou monopólio masculino, o que explicaria a censura da apóstola e seu testemunho. Aliás, tudo indica que Madalena não foi prostituta – idéia que teria surgido por um erro na interpretação do livro sagrado. No ano 591, o papa Gregório fez um sermão dizendo que Madalena e outra mulher, também citada nas Escrituras e essa sim ex-pecadora, na verdade seriam a mesma pessoa (em 1967, o Vaticano desfez o equívoco, limpando a reputação de Maria).

Na evolução da Bíblia, foram aparecendo vários trechos machistas – e suspeitos. É o caso de uma passagem atribuída ao apóstolo Paulo: “A mulher aprenda (...) com toda a sujeição. Não permito à mulher que ensine, nem que tenha domínio sobre o homem (...) porque Adão foi formado primeiro, e depois Eva”. É provável que Paulo jamais tenha escrito essas palavras – porque, na época em que ele viveu, o cristianismo não pregava a submissão da mulher. Acredita-se que essa parte tenha sido adicionada por algum escriba por volta do século 2.

Após a conversão do imperador Constantino, o eixo do cristianismo se deslocou do Oriente Médio para Roma. Só que, para completar a romanização da fé, faltava um passo: traduzir a palavra de Deus para o latim. A missão coube ao teólogo Eusebius Hyeronimus, que mais tarde viria a ser canonizado com o nome de são Jerônimo. Sob ordens do papa Damaso, ele viajou a Jerusalém em 406 para aprender hebraico e traduzir o Antigo e o Novo Testamento. Não foi nada fácil: o trabalho durou 17 anos.

Daí saiu a Vulgata, a Bíblia latina, que até hoje é o texto oficial da Igreja Católica. Essa é a Bíblia que todo mundo conhece. “A Vulgata foi o alicerce da Igreja no Ocidente”, explica o padre Luigi. Ela é tão influente, mas tão influente, que até seus erros de tradução se tornaram clássicos. Ao traduzir uma passagem do Êxodo que descreve o semblante do profeta Moisés, são Jerônimo escreveu em latim: cornuta esse facies sua, ou seja, “sua face tinha chifres”. Esse detalhe esquisito foi levado a sério por artistas como Michelangelo – sua famosa escultura representando Moisés, hoje exposta no Vaticano, está ornada com dois belos corninhos. Tudo porque Jerônimo tropeçou na palavra hebraica karan, que pode significar tanto “chifre” quanto “raio de luz”. A tradução correta está na Septuaginta: o profeta tinha o rosto iluminado, e não chifrudo. Apesar de erros como esse, a Vulgata reinou absoluta ao longo da Idade Média – durante séculos, não houve outras traduções.

O único jeito de disseminar o livro sagrado era copiá-lo à mão, tarefa realizada pelos monges copistas. Eles raramente saíam dos mosteiros e passavam a vida copiando e catalogando manuscritos antigos. Só que, às vezes, também se metiam a fazer o papel de autores.

Após a queda do Império Romano, grande parte da literatura da Antiguidade grega e romana se perdeu – foi graças ao trabalho dos monges copistas que livros como a Ilíada e a Odisséia chegaram até nós. Mas alguns deles eram meio malandros: costumavam interpolar textos nas Escrituras Sagradas para agradar a reis e imperadores. No século 15, por exemplo, monges espanhóis trocaram o termo “babilônios” por “infiéis” no texto do Antigo Testamento – um truque para atacar os muçulmanos, que disputavam com os espanhóis a posse da península Ibérica.

Escrituras em série

Tudo isso mudou após a invenção da imprensa, em 1455. Agora ninguém mais dependia dos copistas para multiplicar os exemplares da Bíblia. Por isso, o grande foco de mudanças no texto sagrado passou a ser outro: as traduções.Em 1522, o pastor Martinho Lutero usou a imprensa para divulgar em massa sua tradução da Bíblia, que tinha feito direto do hebraico e do grego para o alemão. Era a primeira vez que o texto sagrado era vertido numa língua moderna – e a nova versão trouxe várias mudanças, que provocavam a Igreja. Logo depois um britânico, William Tyndale, ousou traduzir a Bíblia para o inglês. No Novo Testamento, ele traduziu a palavra ecclesia por “congregação”, em vez de “igreja”, o termo preferido pelas traduções católicas. A mudança nessa palavrinha era um desafio ao poder dos papas: como era protestante, Tyndale tinha suas diferenças com a Igreja. Resultado? Ele foi queimado como herege em 1536. Mas até hoje seu trabalho é referência para as versões inglesas do livro sagrado.

A Bíblia chegou ao nosso idioma em 1753 – quando foi publicada sua primeira tradução completa para o português, feita pelo protestante João Ferreira de Almeida. Hoje, a tradução considerada oficial é a feita pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e lançada em 2001. Ela é considerada mais simples e coloquial que as traduções anteriores. De lá para cá, a Bíblia ganhou o mundo e as línguas. Já foi vertida para mais de 300 idiomas e continua um dos livros mais influentes do mundo: todos os anos, são publicadas 11 milhões de cópias do texto integral, e 14 milhões só do Novo Testamento.

Depois de tantos séculos de versões e contra-versões, ainda não há consenso sobre a forma certa de traduzi-la. Alguns buscam traduções mais próximas do sentido e da época original – como as passagens traduzidas do hebraico pelo lingüista David Rosenberg na obra O Livro de J, de 1990. Outros acham que a Bíblia deve ser modernizada para atrair leitores. O lingüista Eugene Nida, que verteu a Bíblia na década de 1960, chegou ao extremo de traduzir a palavra “sestércios”, a antiga moeda romana, por “dólares”. Em 2008, duas versões igualmente ousadas estão agitando as Escrituras: a Green Bible (“Bíblia Verde”, ainda sem versão em português), que destaca 1 000 passagens relacionadas à ecologia – como o momento em que Jó fala sobre os animais –, e a Bible Illuminated (‘Bíblia Iluminada”, em inglês), com design ultramoderno e fotos de celebridades como Nelson Mandela e Angelina Jolie.


A Bíblia se transforma, mas uma coisa não muda: cada pessoa, ou grupo de pessoas, a interpreta de uma maneira diferente – às vezes, com propósitos equivocados. Em pleno século 21, pastores fundamentalistas tentam proibir o ensino da Teoria da Evolução nas escolas dos EUA, sendo que a própria Igreja aceita as teorias de Darwin desde a década de 1950. Líderes como o pastor Jerry Falwell defendem o retorno da escravidão e o apedrejamento de adúlteros, e no Oriente Médio rabinos extremistas usam trechos da Torá para justificar a ocupação de terras árabes. Por quê? Porque está na Bíblia, dizem os radicais. Não é nada disso. Hoje, os principais estudiosos afirmam que a Bíblia não deve ser lida como um manual de regras literais – e sim como o relato da jornada, tortuosa e cheia de percalços, do ser humano em busca de Deus. Porque esse é, afinal, o verdadeiro sentido dessa árvore de histórias regada há 3 mil anos por centenas de mãos, cabeças e corações humanos: a crença num sentido transcendente da existência.

Top 5 pragas


I. Quando os hebreus eram escravos no Egito, o Senhor enviou 10 pragas contra os opressores do povo escolhido. A primeira delas foi transformar toda a água do país em sangue (Êxodo 7:21).


II. Como o faraó não libertava os hebreus, o Senhor radicalizou: matou, numa só noite, todos os primogênitos do Egito. “E houve grande clamor no país, pois não havia casa onde não houvesse um morto” (Êxodo 12:30).


III. Desgostoso com os pecados de Sodoma e Gomorra, Deus destruiu as duas cidades com uma chuvarada de fogo e enxofre (Gênesis 19:24).

IV. Para punir as deso­bediências do rei Davi, o Senhor enviou uma doença não identificada, que matou 70 mil homens e 200 mil mulheres e crianças (2 Samuel, 24: 1-13).

V. Quando a nação dos filisteus roubou a arca da Aliança, onde estavam guardados os 10 Mandamentos, o Senhor os castigou com um surto de hemorróidas letais. “Os intestinos lhes saíam para fora e apodreciam” (1 Samuel 5:9) .

Os possíveis autores


1200 a.C. - Moisés

Segundo uma lenda judaica, a Torá (obra precursora da Bíblia) teria sido escrita por ele. Mas há controvérsias, pois existe um trecho da Torá que diz: “Moisés morreu e foi sepultado pelo Senhor próximo a Fegor”. Ora, se Moisés é o autor do texto, como ele poderia ter relatado a própria morte?

1000 a.C. - Javista

Viveu na corte do rei Davi, no antigo reino de Israel, e era um aristocrata. Ou, quem sabe, uma aristocrata: para o crítico Harold Bloom, Javista era mulher. Isso porque os personagens femininos da Bíblia (Eva e Sara, por exemplo) são muito mais elaborados que os masculinos.

Século 4 a.C. - Esdras

Líder religioso que reformou o judaísmo e possível editor do Pentateuco (5 primeiros livros da Bíblia). Vários trechos bíblicos editados por ele pregam a violência: “Derrubareis todos os altares dos povos que ides expropriar, queimareis as casas, e mudareis os nomes desses lugares”.

Século 1 - Paulo

Nunca viu Cristo pessoalmente, mas foi o primeiro a escrever sobre ele. Nascido na Turquia, Paulo viajou e fundou igrejas pelo Oriente Médio. Ele escrevia cartas para essas igrejas, contando a incrível aventura de um tal Jesus – que foi crucificado e ressuscitou.

Século 1 - Maria Madalena

Estava entre os discípulos favoritos de Jesus – e, diferentemente do que o Vaticano sustentou durante séculos, nunca foi prostituta. Pelo contrário: tinha influência no cristianismo e é a suposta autora do Apócrifo de Maria, um livro em que fala sobre sua relação pessoal com Jesus e divulga os ensinamentos dele.

Século 1 - João

Escreveu o 4o evangelho do Novo Testamento (João) e o Livro do Apocalipse, o último da Bíblia. Para ele, Jesus não é apenas um messias – é um ser sobrenatural, a própria encarnação de Deus. Essa interpretação mística marca a ruptura definitiva entre judaísmo e fé cristã.


Século 5 - Jerônimo

Nascido no território da atual Hungria, este padre foi enviado a Jerusalém com uma missão importantíssima: traduzir a Bíblia do grego para o latim. Cometeu alguns erros, como dizer que o profeta Moisés tinha chifres (uma confusão com a palavra hebraica karan, que na verdade significa “raio de luz”).

Século 16 - William Tyndale

Possuir trechos da Bíblia em qualquer idioma que não fosse o latim era crime. O professor Tyndale não quis nem saber, traduziu tudo para o inglês, e acabou na fogueira. Mas seu trabalho foi incrivelmente influente: é a base da chamada “Bíblia do Rei James”, até hoje a tradução mais lida nos países de língua inglesa.


Top 5 matanças


I. Um grupo de meninos malcriados zombou da calvície do profeta Eliseu. Pra quê! Na hora, dois ursos famintos saíram de um bosque e comeram as crianças (2 Reis 2:24).

II. Cercado por um exército de filisteus, o herói Sansão apanhou a mandíbula de um jumento morto. Usando o osso como arma, ele massacrou mil inimigos (Juízes, 15:16).


III. O profeta Elias convidou os sacerdotes do deus Baal para uma competição de orações. Era uma armadilha: Elias incitou o povo, que linchou os pagãos (1 Reis 18:40).

VI. Os judeus haviam perdido a fé e começaram a adorar um bezerro de ouro. Moisés ficou furioso e mandou sacerdotes levitas matar 3 mil infiéis (Êxodo 32:19).

V. A nação dos amalequitas disputava o território de Canaã com os judeus. O Senhor ordena que todos os amalequitas sejam chacinados (1 Samuel 15:18).

Top 5 satanagens


I. Após a destruição de Sodoma, os únicos sobreviventes eram Ló e suas duas filhas. As filhas de Lot embebedaram o pai e tiveram com ele a noite mais incestuosa da Bíblia (Gênesis 19:31).

II. O Cântico dos Cânticos, atribuído ao rei Salomão, é altamente erótico. Um dos trechos: “Teu corpo é como a palmeira, e teus seios, como cachos de uvas” (Cânticos 7:7).


III. Os anjos do Senhor tiveram chamegos ilícitos com mulheres mortais. “Vendo os Filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram-nas como mulheres, tantas quanto desejaram” (Gênesis 6:2).

IV. A Bíblia diz que os antigos egípcios eram muito bem-dotados. Após a fuga para Canaã, a judia Ooliba tem saudades dos tempos em que se prostituía no Egito. Tudo porque “seus amantes (...) ejaculavam como cavalos” (Ezequiel 23:20).

V. O hebreu Onã casou com a viúva de seu irmão, mas não conseguia fazer sexo com ela – preferia o prazer solitário. Do nome dele vem o termo “onanismo”, que significa masturbação (Gênesis 38:9).

As história da história


Como o livro sagrado evoluiu ao longo dos tempos


Tanach - Século 5 a.C.

É a Bíblia judaica, e tem 3 livros: Torá (palavra hebraica que significa “lei”), Nebiim (“profetas”) e Ketuvim (“escritos”). É parecida com a Bíblia atual, pois os católicos copiaram seus escritos. Contém as sementes do monoteísmo e da ética religiosa, mas também pregações de violência. A primeira das bíblias tem trechos ambíguos e misteriosos – algumas passagens dão a entender que Javé não é o único deus do Universo.

Septuaginta - Século 3 a.C.

O Oriente Médio era dominado pelos gregos e pelos macedônios. Muitos judeus viviam em cidades de cultura grega, como Alexandria, e desejavam adaptar sua religião aos novos tempos. Diz a lenda que Ptolomeu, rei do Egito, reuniu um grupo de 72 sábios judeus para traduzir a Tanach – e fizeram tudo em 72 dias. Por isso, o resultado é conhecido como Septuaginta. Inclui textos que não constam da Tanach.

Novo Testamento - Século 1

A língua do Antigo Testamento é o hebraico, mas o Novo Testamento foi escrito num dialeto grego chamado coiné. Contém os relatos sobre vida, milagres, morte e ressurreição de Jesus – os evangelhos. Em alguns trechos, vai deixando evidente a divergência entre cristianismo e judaísmo. É o caso, por exemplo, do Evangelho de João, em que Jesus é descrito como uma encarnação de Deus (coisa na qual os judeus não acreditavam).

Católica - Século 4

Seus autores decidiram incluir 7 livros que os judeus não reconheciam. São os chamados Deuterocanônicos: Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque, Macabeus 1 e 2 (mais trechos dos livros Daniel e Ester). A Bíblia católica bate na tecla do monoteísmo: a palavra hebraica Elohim, usada na Tanach para designar a divindade, é o plural de El, um deus cananeu. Mas foi traduzida no singular e virou “Senhor”.

Ortodoxa - Por volta do século 4

É baseada na Septuaginta, mas também inclui livros considerados apócrifos por católicos e protestantes: Esdras 1, Macabeus 3 e 4 e o Salmo 151. A tradução é mais exata (nesta Bíblia, Moisés nunca teve chifres, um erro de tradução introduzido pela Bíblia latina), e os escritos não são levados ao pé da letra: para os ortodoxos, o que conta são as interpretações do texto bíblico, feitas por teólogos ao longo dos séculos.

Protestante - Século 16

Ao traduzir a Bíblia para o alemão, Martinho Lutero excluiu os livros Deuterocanônicos e mudou algumas coisas. Um exemplo é a palavra grega metanoia, que na Bíblia católica significa “fazer penitência” – uma referência à confissão dos pecados, um dos sacramentos católicos. Já Lutero traduziu metanoia como “reviravolta”. Para ele, confessar os pecados era inútil. O importante era transformar a vida pela fé.

Top 5 milagres


I. O maior de todos os milagres divinos foi o primeiro: a Criação do mundo, pelo poder da palavra. “E Deus disse: que haja luz. E houve luz” (Gênesis 1:3).


II. Para dar-lhe uma amostra de seus poderes, o Senhor leva Ezequiel a um campo cheio de esqueletos – e os traz de volta à vida. “O vento do Senhor soprou neles, e viveram” (Ezequiel, 37; 1-28).

III. Graças à benção divina, o herói Sansão tinha a força de muitos homens. Certa vez, foi atacado por um leão. “O espírito do Senhor deu-lhe poder, e Sansão destroçou a fera com as próprias mãos, como se matasse um cabrito” (Juízes 14:6).

IV. Josué liderava uma batalha contra os amalequitas, mas o Sol estava se pondo. Como não queria lutar no escuro, o hebreu pediu ajuda divina – e o Sol ficou no céu (Josué 10:13).


V. Para fugir do Egito, os hebreus precisavam atravessar o mar Vermelho. E não tinham navios. Moisés ergueu seu bastão e as águas do mar se dividiram. Após a passagem dos hebreus, o profeta deixou que as ondas se fechassem sobre os exércitos do faraó (Êxodo 14; 21-30).

Para saber mais


A Bíblia: Uma Biografia


Karen Armstrong, Jorge Zahar Editora, 2007.

Who Wrote the Bible?

Richard Elliott Friedman, HarperOne, 1997.

* Origens da Escrita

Hoje vivendo o Dia do Escritor vejamos as origens da escrita:



As primeiras tentativas de se criar sistemas de escrita aconteceram por volta de 4000 a.C.. Os sistemas mais rudimentares apareceram muito antes que os primeiros alfabetos – dois milênios mais tarde – ganhassem forma. De fato, não podemos atribuir o surgimento da escrita a u...ma única sociedade. Em épocas bastante próximas, civilizações americanas, os egípcios, chineses e mesopotâmicos começaram a desenvolver seus sistemas de representação gráfica.

Em um primeiro momento, as primeiras inscrições eram feitas por meio de desenhos que visavam reproduzir de forma simplificada os conceitos ou coisas a serem representadas. Esse tipo de escrita é usualmente conhecido como escrita pictórica ou hieroglífica. O mais antigo registro escrito que se tem notícia foi encontrado na cidade de Uruk, atual região sul do Iraque. Com o passar do tempo, os sistemas de escrita foram ganhando maior complexidade quando os símbolos passaram a representar sons.

Usualmente, a ampliação do uso de sinais fonéticos foi criada a partir do momento em que se notava a semelhança dos sons empregados para coisas distintas. Na medida em que surgia a necessidade de criar símbolos distintivos para termos semelhantes, a escrita silábica começou a ser vista como uma maneira eficiente de definir a simbologia empregada nas palavras. Paralelamente, a necessidade de simplificação dos signos escritos foi tornando o sistema mais compacto e funcional.

Foi nesse momento que os primeiros alfabetos apareceram na Antigüidade. Diferentes civilizações começaram a trabalhar com sistemas mais simplificados e, ao mesmo tempo, capazes de identificar distintos conceitos, seres e objetos. Na civilização fenícia o desenvolvimento da escrita e do alfabeto teve grande avanço graças à demanda dos comerciantes fenícios. Foi nesse contexto que um alfabeto com apenas vinte e dois caracteres foi popularizado por aquela civilização oriental.


Depois disso, as civilizações greco-romanas deram outra importante contribuição para a formação dos alfabetos contemporâneos. Foi entre os povos gregos que se introduziu o uso de vogais. Séculos mais tarde, os romanos – sendo fortemente influenciados pelos etruscos – deram formas claras ao sistema alfabético utilizado por diversas nações do mundo ocidental contemporâneo. Graças à formação de um vasto império e do contato com os bárbaros, as línguas latinas predominam em diferentes culturas do mundo atual.

Uma das principais consequências do surgimento das cidades e dos Estados foi a escrita, criada por volta de 3500 a.C. Vários são os factores que explicam o nascimento da escrita:

- A necessidade de contabilizar os produtos comercializados, os impostos arrecadados e os funcionários do Estado;


- A levantamento da estrutura das obras, que exigira a criação de um sistema de sinais numéricos, para a realização dos cálculos geométricos.

Com a escrita, o ser humano criou uma forma de registrar suas idéias e de se comunicar. A linguagem escrita é especial porque permite que a vida que levamos hoje seja conhecida pelas gerações que virão depois de nós.

Há fontes de estudos que apontam que o registro mais antigo até agora encontrado data do século XIV a.C. e está escrito em símbolos cuneiformes da língua acadiana. O pedaço de barro escrito foi achado em Jerusalém por arqueólogos israelenses.

Escrever com o intento de se comunicar tem sido observado em espécies que não são do gênero humano. Pesquisas com bonobos Kanzi (um tipo de chipanzé pigmeu do Zaire) e Panbanisha nos Estados Unidos proporcionaram tais exemplos, apesar de raros. Tal escrita poderia ser comparada ao desenho. A origem da escrita bonobo, todavia, parece ser análoga àquela da escrita humana.


No entanto, tal como entendemos, a escrita é uma tecnologia humana. Existem várias formas de escrita, mas pode-se dizer, de forma simplificada, que todas se enquadram na categoria de escritas fonéticas, como o nosso alfabeto, o qual busca uma aproximação entre um signo e um som, escritas ideográficas, que representam coisas ou idéias, como a chinesa, ou, ainda, escritas que sintetizam estes dois aspectos, como a japonesa

Mundialmente a linha divisória entre a pré-história e a história é atribuída ao tempo em que surgiram os registros escritos. A importância da escrita para a história e para a conservação de registros vem do fato de que estes permitem o armazenamento e a propagação de informações não só entre indivíduos (privilégio também da linguagem), mas também por gerações.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

* MEC pretende ampliar oferta de bolsas para doutorado no exterior

O Ministério da Educação (MEC) anunciou que pretende dobrar até 2014 o número de bolsas de doutorado sanduíche para estudantes brasileiros no exterior. Por essa modalidade, o aluno cursa parte da especialização em instituição estrangeira e retorna para concluir o doutorado no Brasil. Em 2011, segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), serão ofertadas 2,8 mil bolsas e a expectativa é chegar a 7,6 mil até 2014.

O aumento do número de bolsas será possível em função de uma mudança nas regras para concessão. Antes, apenas cursos com nota acima de 5 (em escala de 1 a 7) recebiam uma cota que podia ser utilizada por até três estudantes em um período de quatro meses. Agora, os programas de doutorado com notas de 3 a 7 podem se candidatar para receber até duas cotas.

Antes de enviar a candidatura à Capes, o candidato à bolsa precisa apresentar a documentação necessária à coordenação do programa de pós-graduação, que designará uma comissão para analisar as propostas e escolher os alunos aptos a participar. A lista dos documentos necessários e as regras do programa estão disponíveis na página da Capes na internet.

* Iphan promove encontros para capacitação de gestores

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e o Programa Monumenta realizaram encontros de capacitação dos gestores e conselheiros dos Conselhos Curadores dos Fundos Municipais de Preservação, em Laranjeiras -SE e Penedo -AL. Os encontros, que contaram com o apoio das Superintendências do Iphan, unidades do Monumenta e Prefeituras locais, ocorreram no Centro de Informações Turísticas de Laranjeiras e na sede da Prefeitura de Penedo, respectivamente.

A capacitação visa a instrumentar os membros do Conselho para atuar como executores das tarefas relacionadas ao Fundo Municipal, propositores e fiscalizadores das ações de preservação do patrimônio cultural, demandas que surgirão para esses Conselhos após o encerramento do Programa Monumenta. Outro objetivo é ouvir, dos conselheiros, as dificuldades e obstáculos encontrados para por em funcionamento o Fundo Municipal de Preservação, a fim de aperfeiçoá-lo e, em conseqüência, torná-lo mais efetivo.

Nas duas cidades, fez-se um balanço da atuação do Monumenta e foram mostradas informações sobre a situação atual do Fundo, sua organização, suas fontes de recursos e as atribuições de seus membros, além de sensibilizar os conselheiros sobre a importância de terem um papel ativo na fiscalização das ações de preservação realizadas pelos entes locais.

Em Laranjeiras, reunião que contou com a participação da Superintendente do Iphan em Sergipe, Terezinha Oliva, destacou-se o interesse dos presentes em reorganizar de imediato o fundo e, num prazo maior, estudar a possibilidade de fusão com o Conselho Municipal de Política Cultural, a fim de garantir maior representatividade ao Conselho Curador do Fundo e evitar sobreposição entre as atribuições de ambos.

Em Penedo, os conselheiros as regras da contribuição municipal ao Fundo, o papel da Prefeitura na redução da inadimplência na ação de imóveis privados e as condições do novo financiamento, no âmbito do PAC Cidades Históricas.

A Caixa, parceira do programa, participou com seus gerentes locais, o que foi de valia para estabelecer os acordos necessários para a gestão futura do Fundo, como a regular prestação de contas a ambos os Conselhos.

Esses encontros têm ocorrido nas cidades que participaram do Monumenta, e prosseguirão até o fim de 2011.