(Alain Botton, o Filósofo Pop)
Nas décadas de 70 e 80 os livros de auto-ajuda inundaram o Brasil e o mundo, com receitas mirabolantes de enriquecimento fácil, busca da felicidade, conquista de amor impossível e tantos outros assuntos inerentes ao comportamento humano.
Quem não se lembra do médico Lair Ribeiro, que lotava ginásio, teatros e centro de convenções com suas palestras motivacionais?
Do ex-produtor de TV Neimar de Barros, que se dizia um ateu convertido ao cristianismo e que passou ser um arauto da fé?
Publicou várias livros sobre religião, deu palestras em mais de 4.000 cidades e chegou a ser capa da Revista Família Cristã, a maior publicação católica do Brasil.
Nemar, em 1986, concedeu uma entrevista à revista Veja e contou que a sua conversão teria sido uma tremenda farsa.
Por conta de episódios como este e considerando que ninguém enriquecia com a facilidade apregoada e que a felicidade nem sempre chegava na hora esperada, esse tipo de literatura entrou em colapso, chegando a ensejar que críticos literários classificassem como medíocres os leitores desse tipo de publicação.
O best-seller brasileiro Augusto Cury, aborrecido, apressa-se em afirmar que as suas obras não são de auto ajuda e sim de “psicologia aplicada”. Mera questão de semântica.
Eis que de repente surge o salvador desse segmento literário, dantes tão festejado.
Trata-se do jovem filósofo suíço Alain de Botton, 43, que se apresenta como um fenômeno da filosofia contemporânea, com inúmeros livros publicados. Fenômeno de vendas e crítica.
Botton não se envergonha em afirmar que os seus textos são de auto-ajuda, sim, baseados na sabedoria dos antigo filósofos, detentores de profundos conhecimentos das relações humanas.
O seu projeto mais ousado consiste no lançamento da coleção The School of Life (A Escola da Vida) a ser publicada brevemente no Brasil, título de uma escola que fundou na cidade de Londres, em 2008, hoje referência mundial de eventos comportamentais.
Para Botton o que houve de negativo foi uma enxurrada de maus autores do ramo, especialmente os americanos e o surgimento de um contingente de palestrantes chalatõees, pondo em xeque a credibilidade da literatura em foco.
(Texto publicado no Boletim Institucional da Academia Piauiense de Mestres Maçons nº 4, de 05.09.12).
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