Joaquim Benedito Barbosa Gomes
Ministro Joaquim Barbosa
* Paracatu, MG – 7 de outubro 1954 d.C
Joaquim Barbosa nasceu em Paracatu, noroeste de Minas Gerais. É o
primogênito de oito filhos. Pai pedreiro e mãe dona de casa, passou a
ser arrimo de família quando estes se separaram. Aos 16 anos foi sozinho
para Brasília, arranjou emprego na gráfica do Correio Braziliense e
terminou o segundo grau, sempre estudando em colégio público. Obteve seu
bacharelado em Direito na Universidade de Brasília, onde, em seguida,
obteve seu mestrado em Direito do Estado.
Prestou concurso público para procurador da República,
e foi aprovado. Licenciou-se do cargo e foi estudar na França, por
quatro anos, tendo obtido seu mestrado em Direito Público pela
Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas) em 1990 e seu doutorado em
Direito Público pela Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas) em 1993.
Retornou ao cargo de procurador no Rio de Janeiro e professor
concursado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi visiting
scholar no Human Rights Institute da faculdade de direito da Universidade Columbia em Nova York (1999 a 2000) e na Universidade da Califórnia Los Angeles School of Law
(2002 a 2003). Fez estudos complementares de idiomas estrangeiros no
Brasil, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Áustria e na Alemanha. É fluente em francês, inglês, alemão e espanhol. Toca piano e violino desde os 16 anos de idade.
Embora se diga que ele é o primeiro negro a ser ministro do STF, ele
foi, na verdade, o terceiro, sendo precedido por Hermenegildo de Barros
(de 1919 a 1937) e Pedro Lessa (de 1907 a 1921).
Principais posições
Demonstra defesa incondicional em certas questões. É o único ministro abertamente favorável à legalização do aborto;
é contra o poder do Ministério Público de arquivar inquéritos
administrativamente, ou de presidir inquéritos policiais. Defende que se
transfira a competência para julgar processos sobre trabalho escravo
para a Justiça federal.
Defende a tese de que despachar com advogados deva ser uma exceção, e
nunca uma rotina, para os ministros do Supremo. Restringe ao máximo seu
atendimento a advogados de partes, por entender que essa liberalidade
do juiz não pode favorecer a desigualdade. A posição do ministro,
todavia, é criticada por advogados e pela Ordem dos Advogados do
Brasil,[6] sob o fundamento de que despachar com os magistrados é um
direito dos advogados, conferido pela Lei 8.906/94, cujo art. 7, inciso
VIII preceitua ser direito dos advogados: “dirigir-se diretamente aos
magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de
horário previamente marcado ou outra condição, observando-se a ordem de
chegada”.
O ministro Barbosa diz ser, também, contra à suposta prestação
preferencial de jurisdição às partes de maior poder aquisitivo (“furar
fila”). A postura do ministro também tem sido criticada pela OAB, sob o
fundamento de que, por vezes, situações de urgência realmente
justificariam a inversão da ordem dos julgamentos.
Barbosa opõe-se, também, ao foro privilegiado para autoridades.
Atuação no STF
Mensalão
Assumiu em 2006 a relatoria da denúncia contra os acusados do mensalão feita pelo Procurador-Geral da República, Antonio Fernando de Souza.
Durante o julgamento defendeu a aceitação das denúncias contra os
quarenta réus do Mensalão, o que foi aceito pelo tribunal. O julgamento
prossegue no Supremo, pelo menos até 2010, podendo até reverter o fato
histórico de o STF, desde sua criação em 1824, nunca ter condenado
nenhum político.
Em artigo comentando o julgamento, a Revista Veja escreveu: “O Brasil
nunca teve um ministro como ele (…) No julgamento histórico em que o
STF pôs os mensaleiros (e o governo e o PT) no banco dos réus, Joaquim
Barbosa foi a estrela – ele, o negro que fala alemão, o mineiro que
dança forró, o juiz que adora história e ternos de Los Angeles e Paris”.
Segundo a Veja: “O ministro Joaquim Barbosa, mineiro de 52 anos, votou
em Lula, mas foi implacável na denúncia do mensalão (…)”
Nas 112 votações que o tribunal realizou durante o julgamento, o voto
de Barbosa, como relator do processo, foi seguido pelo de seus pares em
todas as ocasiões – e, em 96 delas, por unanimidade.
Ronaldo Cunha Lima
Foi de sua iniciativa a abertura de processo contra o deputado
Ronaldo Cunha Lima, decisão considerada histórica, pois foi a primeira
vez em que o STF abriu processo contra um parlamentar. No dia seguinte,
Cunha Lima renunciou ao mandato para escapar do processo, o que provocou
duras críticas por parte de Joaquim Barbosa.
Células-tronco
No polêmico julgamento das células-tronco, Joaquim Barbosa votou a favor da liberação de seu uso para fins de pesquisas.
Gilmar Mendes
Em 22 de abril de 2009 o ministro Gilmar Mendes e o ministro Joaquim
Barbosa discutiram na sessão plenária do tribunal. Barbosa, vocalizando a
posição de considerável parte da opinião pública, acusou o presidente
da Corte de estar “destruindo a credibilidade da Justiça brasileira”
durante o julgamento de duas ações – referentes ao pagamento de
previdência a servidores do Paraná e à prerrogativa de foro
privilegiado.
Barbosa foi categórico ao afirmar: “Vossa excelência não está na rua,
vossa excelência está na mídia, destruindo a credibilidade do
Judiciário brasileiro”.
Disse ainda: “Vossa excelência quando se dirige a mim não está
falando com os seus capangas do Mato Grosso”. Mendes se apressou em
encerrar a sessão sem refutar nenhuma das acusações. O episódio lembrou
um de agosto de 2007 no qual Barbosa acusou Mendes de estar dando um
“jeitinho”, através da Questão de Ordem, que seria um “atalho para se
obter um resultado inverso ao que foi atingido ontem”. Neste debate eles
já tinham utilizado a expressão “dar uma lição de moral” um contra o
outro.
No dia 24 de abril, Barbosa foi saudado e fotografado por dezenas de
pessoas durante e após almoço com três amigos no tradicional Bar Luiz,
na rua da Carioca, no centro do Rio de Janeiro. Um colega da
Procuradoria da República garantiu que Barbosa “está bem, feliz e sem
nenhum arrependimento”. No mesmo dia, em Brasília, em grupo de cerca de
dez pessoas, simpáticos à posição de Barbosa, protestou contra Mendes.
Os manifestantes levaram uma faixa com a inscrição “Miss Capanga”
para colocar na estátua de Têmis em frente à sede do STF, mas foram
impedidos pelos seguranças do prédio. Também estenderam faixas com as
frases “Gilmar, saia às ruas e não volte ao STF” e “Gilmar Dantas, as
ruas não têm medo de seus capangas” – em referência às acusações de
Barbosa e aos dois habeas-corpus concedidos por Mendes ao banqueiro
Daniel Dantas, após a Operação Satiagraha.
* “Vossa Excelência está destruindo a justiça desse país. (…) Vossa
Excelência não está na rua, Vossa Excelência está na mídia, destruindo a
credibilidade do Judiciário brasileiro. (…) Vossa Excelência, quando se
dirige a mim, não está falando com os seus capangas do Mato Grosso,
ministro Gilmar.”
- Joaquim Barbosa durante discussão com Gilmar Mendes, presidente do
Supremo Tribunal Federal do Brasil, numa sessão plenária do dia 22 de
abril de 2009.
- Fonte: O Globo
* “Enganaram-se os que pensavam que o STF iria ter um negro submisso, subserviente. (…)”
- Fonte: Folha de São Paulo
Atuação no TSE
Tomou posse como vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral no
dia 6 de maio de 2008, sendo o presidente o Ministro Carlos Ayres
Britto.
No mais polêmico julgamento desde que tomou posse no tribunal,
Joaquim Barbosa votou a favor da tese de que políticos condenados em
primeira instância poderiam ter sua candidatura anulada, sendo porém
voto vencido nesta questão.
Em 17 de novembro de 2009 o ministro Joaquim Barbosa, em virtude de
problemas de saúde, anunciou sua renúncia ao Tribunal Superior
Eleitoral, do qual seria presidente a partir de abril de 2010.
Perfil
O ministro Joaquim Benedito Barbosa Gomes, é mineiro de Paracatu
(MG), onde cursou o primário. Mudou-se para Brasília, onde cursou o
segundo grau e o curso de Direito. Desde cedo se interessou pelo estudo
de línguas estrangeiras, com cursos no Brasil, na Inglaterra, nos
Estados Unidos, na Áustria e na Alemanha.
Início da vida profissional
Iniciou sua carreira profissional como compositor gráfico do Centro
Gráfico do Senado Federal e, em 1976, fez concurso para Oficial de
Chancelaria do Ministério das Relações Exteriores tendo servido na
Embaixada do Brasil em Helsinki, Finlândia. De 1979 a 1984 foi advogado
do Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO) e depois chefiou a
Consultoria Jurídica do Ministério da Saúde (1985-88).
Formação acadêmica
[ad#Retangulos - Direita]Paralelamente ao exercício de cargos no
serviço público, Joaquim Barbosa manteve estreitas ligações com o mundo
acadêmico. É professor licenciado da Faculdade de Direito da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde ensinou as
disciplinas de Direito Constitucional e Direito Administrativo. Foi
Visiting Scholar (1999-2000) no Human Rights Institute da Columbia
University School of Law, em Nova Iorque, e na University of California
Los Angeles School of Law (2002-2003).
De 1980 a 1982 se tornou mestre em Direito e Estado pela Universidade
de Brasília (UnB). O ministro cumpriu ainda extenso programa de
doutoramento de 1988 a 1992, o qual resultou na obtenção de três
diplomas de pós-graduação. É doutor e mestre em Direito Público pela
Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas).
Obras literárias
É autor das obras “La Cour Suprême dans le Système Politique
Brésilien”, publicada na França em 1994 pela Librairie Générale de Droit
et de Jurisprudence (LGDJ), na coleção “Bibliothèque Constitutionnelle
et de Science Politique”; “Ação Afirmativa & Princípio
Constitucional da Igualdade. O Direito como Instrumento de Transformação
Social. A Experiência dos EUA”, publicado pela Editora Renovar, Rio de
Janeiro, 2001; e de inúmeros artigos de doutrina.
O ministro Joaquim Barbosa é um assíduo conferencista, tanto no
Brasil quanto no exterior. Foi bolsista do CNPq (1988-92), da Fundação
Ford (1999-2000) e da Fundação Fullbright (2002-2003).
Como membro do Ministério Público Federal, atuou em Brasília
(1984-1993) e no Rio de Janeiro, de 1993 a 2003, quando foi nomeado pelo
presidente Lula, assim como seu colega Carlos Ayres Britto, para ocupar
a cadeira de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em abril de 2008 tornou-se ministro efetivo do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE), onde já desempenhava funções como ministro substituto
desde 2006.
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