sexta-feira, 12 de julho de 2013

* Candidato a Nobel de Literatura vive me penúrias em Porto Alegre

Luiz de Miranda alega viver em completa misériaFoto: Mauro Vieira / Agencia RBS

Candidato ao Nobel de Literatura vive em condições precárias em Porto Alegre


Luiz de Miranda alega viver em completa misériaFoto: Mauro Vieira / Agencia RBCandidato ao Nobel de Literatura vive em condições precárias em Porto Alegre

Situação do poeta gaúcho Luiz de Miranda foi revelada pela coluna de Sant’Ana


Vivendo em condições precárias, Luiz de Miranda solicita uma pensão do Estado. À espera do resultado de um processo de despejo devido a falta de pagamento, o poeta já se prepara para deixar o apartamento onde vive.
Sem ter para onde ir, Miranda enviou uma carta ao colunista Paulo Sant’Ana, que tornou sua situação pública na edição de domingo de Zero Hora. O escritor alega viver em completa miséria. Em seu apartamento no bairro Partenon, as paredes descascam e a cozinha perde os azulejos.
Segundo Miranda, há quatro anos tem feito apenas uma refeição por dia. Diz que dois anos atrás o prefeito José Fortunati havia lhe prometido uma pensão mensal, mas isso nunca se concretizou. Procurada por ZH, a assessoria do prefeito informou que, em função do incêndio no Mercado Público, só falaria sobre o caso hoje.
A sugestão da pensão partiu do secretário da Smic, Humberto Goulart, há cerca de três anos:
– A prefeitura ajudou três pessoas de destaque cultural da cidade. Primeiro foi a cantora Lourdes Rodrigues, depois, Plauto Cruz, que ganhou uma aposentadoria pequena, e, por último, o fotógrafo lambe-lambe Varceli Freitas Filho – explicou o secretário.
Goulart afirma que a sugestão foi acolhida pelo prefeito, mas interrompida antes de chegar à Assembleia Legislativa. Ele explica que propostas como essa precisam partir do Executivo.
– Sugeri para o prefeito sabendo que ele (Luiz de Miranda) se dedica em tempo integral à poesia. Seria apenas um salário mínimo, mas daria para poder se alimentar.
Entre 1968 e 1978, Miranda trabalhou por períodos curtos em diversos veículos de comunicação. Envolveu-se com política e de 1990 à 1994 foi coodernador de Projetos Especiais do governo estadual. Hoje recebe, como aposentadoria, um salário mínimo.
– Não dá nem para comprar remédios. Tomo três para pressão alta, mais três para diabetes e ainda um para insônia crônica – explica.
Com 68 anos e natural de Uruguaiana, o poeta é extremamente produtivo: publicou 34 livros e, ao longo da carreira, recebeu diversos prêmios. Desde 1987, é membro da Academia Rio-Grandense de Letras.
Neste ano, Miranda está na lista de indicados ao Prêmio Nobel de Literatura. Seu nome foi aceito pela Academia Sueca a partir de uma indicação da PUCRS, intermediada pelo professor Eduardo Jablonski, autor de Luiz de Miranda: O Senhor da Palavra (EdiPUCRS, 2010). O gaúcho compete com 194 indicados por um prêmio que ultrapassa US$ 2 milhões.
A notícia repercutiu no âmbito cultural. Procurados por ZH, alguns escritores se manifestaram:
– Deveriam se juntar para ajudá-lo. Não é justo que alguém que se dedicou tanto à poesia e à literatura esteja nesse estado. – comentou a escritora Cinthia Moscovich.
O secretário de Cultura, Luiz Antônio de Assis Brasil, lembrou do caráter do poeta:
– Lamento que um ser humano, um artista, esteja nessa situação adversa. Por várias vezes, os amigos o ajudaram. Por outro lado, a idade o impede de seguir trabalhando. Entendo que a campanha, ora desencadeada pelo Paulo Sant’Ana, terá pleno êxito junto ao público leitor de Luiz de Miranda.
Fabrício Carpinejar entende a situação por outro viés:
– O Miranda sempre viveu nesse sobressalto financeiro, dependendo dos outros. Acho que ele está se aproveitando da questão do poeta sem condições, essa sombra do Quintana. O poeta não é semideus. O Estado não tem obrigação de sustentá-lo.

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