Nicolas Behr também criticou políticos por uso de jatos: 'Isso vai acabar'.
Debate com Zuca Sardan, nesta manhã, teve clima de amizade e improviso.
"Maus hábitos" foi o tema que abriu a programação deste sábado (6), na 11ª Flip. A conversa, com clima de improviso, entre os satiristas Nicolas Behr e Zuca Sardan foi mediada por Francisco Alvim, que disse ter "90 anos de amizade" com os dois e que ali estava uma "panelinha".O G1 transmitirá ao vivo todas as mesas da Flip 2013, tanto com áudio traduzido (se a palestra não for em português) quanto com áudio original.
Zuca, de 80 anos, contou que os poetas marginais demoraram para serem reconhecidos como artistas. "Tivemos que esperar muito para que nossos maus hábitos fossem compreendidos pelos intelectuais. Mas os tempos foram mudando e, hoje, a nova geração entende a nossa linguagem de rebeldia contra os ideais impostos pela sociedade", disse. Ele lembrou quando Chacal vendia "papel de poesia" na porta dos teatros. "Era uma espécie de confraria quase secreta".
Nicolas, que saiu de Cuiabá para viver em Brasília em 1974, disse que saiu do mato para cair na maquete. "Não tinha talento para música, teatro, cinema e pensei 'não vou me matar nessa cidade, vou procurar uma saída: a poesia". O poeta contou que fez seu primeiro livro "Iogurte com farinha" no mimeográfo e que isso logo virou febre.
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Por causa dos livros, ele foi preso pelo Dops e processado por "posse de material pornográfico", sendo julgado e absolvido em 1979. "Brasília precisa de mim. É uma cidade mal compreendida, mas isso vai acabar. Isso de político andar de jatinho pra lá e pra cá. Já estão até devolvendo o dinheiro", afirmou, referindo-se ao caso do presidente do Senado Renan Calheiros.
Manifesto da poesia
O poeta cuiabano aproveitou para mostrar cartazes feitos por ele, como forma de manifestação. Alguns deles diziam: "Tarifa zero para a poesia"; "Para o poema o vinagre é um milagre"; "A poesia pede passagem grátis"; "Todos por um poema melhor do que este"; "Atenção quebra-quebra não, poema em construção"; "A revolta do poema não cabe no cartaz"; "Poesia muda e poesia fala"; "O Brasil acordou e o poema concordou"; "O poema lido jamais será vencido"; "Poesia rebeldia todo dia"; "Juventude poema atitude".
O poeta cuiabano aproveitou para mostrar cartazes feitos por ele, como forma de manifestação. Alguns deles diziam: "Tarifa zero para a poesia"; "Para o poema o vinagre é um milagre"; "A poesia pede passagem grátis"; "Todos por um poema melhor do que este"; "Atenção quebra-quebra não, poema em construção"; "A revolta do poema não cabe no cartaz"; "Poesia muda e poesia fala"; "O Brasil acordou e o poema concordou"; "O poema lido jamais será vencido"; "Poesia rebeldia todo dia"; "Juventude poema atitude".
Com muitos aplausos e risadas da plateia, os dois poetas se revezaram e leram trechos de suas obras para a plateia da Flip. "É um privilégio um país que tem um poeta desses", disse Alvim, elogiando Zuca. "Juscelino [Kubitschek] será lembrado por poemas como esse", falou Alvim, exaltando Nicolas. "Só saímos desse palco na semana que vem. Uma oportunidade dessas não podemos perder", afirmou novamente Alvim.
Nicolas lembrou de uma "espinafrada" que levou de Carlos Drummond de Andrade, quando, aos 22 anos, foi ao Rio e encontrou o escritor. "Porrada é mais importante para o poeta do que o elogio. Eu disse para o sr. Carlos que desejava ler paródias de poemas seus. Então levei um cruzado de esquerda quando ele disse: 'Cuida da tua poesia, deixa a minha em paz'". Nicolas ainda comparou o mal estar da poesia de Drummond com as ruas de pedras de Paraty. "Poema bom é poema desconfortável, que te machuca, quebra o seu pé".
O cuiabano revelou que um mau hábito seu é ser "marqueteiro". "Eu coloco email, telefone e endereço nos meus livros. Só falta por um '0800 ligue para o poeta'. Eu quero ser encontrado. Não estou num quarto escuro procurando uma forma de me matar. Quero ser convidado para a Flip e fui", afirmou Nicolas.
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