Dia 13 de Julho, aniversário de Telles Júnior.
Festejos programados no Centro Cultural do GRUCALP foram adiados devidos a atropelos diversos. E luto em homenagem ao artista Geraldinho Palmares (Sócio Honorário do GRUCALP), amigo que se foi deste mundo, dia 10, então Centro Cultural do GRUCALP com 3 dias de luto...
Será comemorado junto com os 40 anos de palco de Jaorish.
Telles Júnior, um artista abnegado, construtor cultural de
Palmares – PE à dedicou mais de 40 anos de sua vida. Sempre tendo o GRUCALP como
ponto de apoio e batalhão de lutas culturais.
Poeta, teatrólogo, dramaturgo, pintor, cronista, contista, escultor. Um artista que não quis brilhar nos grandes centros metropolitanos do Brasil e do mundo, porém suas obras foram levadas pelo mundo afora.
Polêmico, questionador, crítico. Engajado em lutas sociais, era temido pelos politiqueiros por ser um formador de opiniões. E por esse motivo, recebeu muitas promessas de políticos que não foram cumpridas.
Telles Júnior terminou vida terrena em extrema depressão, diante das decepções sofridas com os falsos amigos e ingratidões.
Ajudou muitas pessoas com seus jeito acolhedor e educando aos jovens através da arte libertadora.
Outro ano sem os detentores do poder municipal lembrar do Mestre Telles Júnior. Se a família do artista não lembrar, esses ditos "resgatadores da cultura" não lembram.
O Museu Telles Júnior está abandonado. Criado pela família do artista preservando o atelier onde ele trabalhava. O desgaste diante do tempo, problemas de cupins danificaram o ambiente e atualmente está com obras provisoriamente expostas no Centro Cultural do GRUCALP. Não houve desamparo total porque verba foi adquirida de uma Emenda Legislativa na Assembléia Legislativa Estadual de Pernambuco, defendida pela Deputada Tereza Leitão - PT. Mas que precisaria do Governo Municipal trazer para a ONG GRUCALP. Durante 3 anos Direção do GRUCALP tentou resolver o assunto diante da assessoria do governo anterior de Palmares, omissa ao fato, mesmo com a documentação em mãos.
O descaso continua diante de "outras prioridades" seguidas pelas assessorias de cultura da Prefeitura Municipal.
Quem não buscou o estrelismo noutros rincões não tem vez, mesmo que sangre pela terra palmarina, enquanto a hipocrisia se ufana sob a sombra do culto interesseiro dos vultos famosos para terem "ibope" como afirmou recentemente um desses efêmeros assessores.
Jaorish, filho de Telles Júnior, escreveu um livro sobre o pai que está aguardando condições para publicação.
ZUMBÍ EM MEU CORPO
(Telles
Júnior)
A Liberdade é
negra
neste mundo de
negros destinos.
A Liberdade é
ZUMBI,
Nos homens
escravos ao toque de sinos.
No toque dos
sinos
o som inda e o
negro
pendurado nos
brancos de cor.
É ZUMBÍ no
desespero da luta,
renascendo em
Palmares,
revivendo o
QUILOMBO
no peito arfante.
-mocambo
sangrento-
onde impera o
reino do horror.
Meu peito é a Matriz onde
canta ZUMBÍ,
sem toque de sinos, com
imagens de Vida!
Meu estro é a Serra, onde o
negro poeta
faz do verso a canção, a
espada e a lança.
Meu peito ardente de homem e
esteta,
de Palmares é um campo, onde
a luta renhida
é um sonho de artista, alma
irrequieta,
onde a Liberdade é visão de
esperança.
Mocambos caídos...
Quilombos
morrendo...
Palmares
agonizando...
Nas
searas, nos campos,
ZUMBÍ se
matando
pelos
homens de cor!
E os sinos
tocando
outras
eras anunciam,
com o
branco escravo
do branco
senhor!
O Artista
é ZUMBÍ
na senzala
da Arte,
com o
pincel e a pena
expressando
uma dor.
Os Séculos
passaram
com os
sinOs tocando
e ZUMBÍ se
matando
no Artista
Sonhador.
Meu sonho de
Artista, de ZUMBI é o sonho!
O som de minha
voz, de ZUMBI é o grito!
Do meu peito, na
Serra, está ZUMBI sempre aflito!
ZUMBÍ em minha
carne, meus ossos, meu sangue,
É o Artista
sofrido, cantando os pesares
De um povo em
luta, exausto, exangue,
Às margens do UNA, no chão dos PALMARES!
Telles Júnior pintando em seu atelier GALERIA DE ARTE ZUMBÍ |
Telles Júnior entalhando em seu atelier GALERIA DE ARTE ZUMBÍ |
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