sábado, 9 de junho de 2012

* Heranças de Rebeldia Quilombola (poema de Jaorish)!

EM HOMENAGEM AO ANIVERSÁRIO DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DO MUNICÍPIO DOS PALMARES (1879-2012) UM RESUMO EM VERSOS DA HISTÓRIA DA NOSSA TERRA DOS POETAS:


Heranças de Rebeldia Quilombola!

Quero gritar no meio da Mata,
Quero cantar no meio da praça!
Quero dizer sempre na hora exata
O que meu coração sente forte,
Até chegar o exalar da morte
Que num poeta não é concreto,
Pois a imortalidade em poesia
Faz-me eterno por divina magia.



Com o meu mais ferrenho desejo em verso,
Imprimo, na cega sociedade, minha nobre rebeldia
Herdada de guerreiros quilombolas
Desta terra de índios e negros rebelados;
Pouco citados nas fontes escassas da historiografia.
Sou artista, preciso marcar época e contar.
O que a tradição me repassa, versifico.       
Através da Arte, o brado do meu povo é eterno.



Mas meu verso é justo e aqui concretizo
Os porquês de ser por meu povo bem quisto:
Canto embolada, xote, baião coco de roda,
Aboio, loas de maracatu e reisado.
Faço se possível a maior presepada,
Mas não deixo minhas raízes culturais,
Nem quero nossa História desprezada,
Nem canto modas colonizadoras banais.



Defendo minha terra palmarina com afinco.
Escute com atenção porque eu não minto:
Sou filho da região onde a cana tombou palmeirais
Que inspiraram os negros rebeldes que unidos aos índios,
Lutaram contra os desmandos colonizadores senhoriais.
Assim foi o Quilombo dos Palmares por quase um Século,
Lugar de igualdade e fraternidade, resistência aos ímpios,
República de rebeldes em meio à Colônia de Monarquias.

Os canhões de Domingos Jorge Velho, derrubaram cercas,
Destruíram muros e vidas dos valorosos quilombolas amotinados.
Um grande crime aos Direitos Humanos, incalculáveis perdas
Num genocídio sem igual contra índios, negros e brancos rebelados.
Mas não conseguiram destruir os herdeiros dos negros enfezados,
Nem calar um ideal de liberdade expresso em canções e danças
Das nossas expressões populares, mantenedoras das esperanças
Do nosso povo brincante, na cultura mais diversificada do mundo.

O território conquistado pelos palmarinos,
Desde o Cabo de Santo Agostinho até o Rio São Francisco
Uma República com senso organizacional nunca antes visto.
Após aquele grande genocídio, as terras foram divididas.
Entre os soldados, burgueses e fidalgos, foram distribuídas.
E minha Cidade, sofreu impasses de comandos de coronéis e barões,
Teve nomes diversos, escolhidos pelos gostos de donos dos brasões,
Ao som dos badalos dos beatíficos sinos.

A Família dos Montes adquiriu a sesmaria
e nomeou o lugar com empáfia: Povoado dos Montes,
num jogo de cintura clerical para não milindrar.
E até para o culto da Santa Virgem Maria
Teve que ser a Nossa Senhora da Conceição dos Montes,
Não pelos montes que circundam o lugar,
Mas pela família que ganhou a posse das terras,
Embora a Santa foi cultuada pelos quilombolas.

Há um incidente durante a Revolução Praieira,
Alguns casos engraçados sem eira nem beira,
Da passagem de Pedro Ivo e soldados atolados,
Num lamaçal, onde um corneteiro perdeu uma trombeta.
E o povo rebelde para se ver livre do nome da Família herdeira,
Aproveitou-se do fato e renomeou o povoado de Trombetas.
E sob a inspiração do rio poético, veio o Povoado do Una,
Em pleno surgimento do Clube Literário de marca profunda.

Tem a fase do implante do Escritório da Great Western,
Pelos idos de oitocentos e sessenta e dois, do for all
Entendido por forró pelos matutos cabras da peste.
Aqui ficou implantada a Estação Ferroviária do Una
Que prenunciava um movimento de revolta geral,
Instigada pelos poetas organizados, rebelados, em suma,
Chegando a conseguir o Distrito em oitocentos e sessenta e oito,
Mas os moradores do Vale do Una tinha algo muito mais afoito.

Lideranças queriam mais, e em mil oitocentos e setente e três,
sendo quinze anos antes da Abolição da Escravatura,
o nome proibido dos Palmares foi defendido mais uma vez
e foi criado o Município Autônomo dos Palmares.
Eis que a História é reconquistada com grande ventura.
Mas somente após seis anos de lutas dos escritores,
Aos nove de junho, em mil oitocentos e setente e nove,
Palmares foi Município emancipado, com foros de Cidade.

Em minhas veias circulam heranças de Cultura e Grandeza,
E como cantador e poeta, mato a cobra e mostro o pau,
Me arreto, dou cambalhotas, gingo capoeira e viro a mesa
Mas não arredo o pé do meu lugar, eu luto por minha terra
Como os poetas lutaram pelo nome da Cidade ser honrado
Novamente com o nome batizado pelo africano amotinado
e hoje ser conhecida como a tradicional Terra dos Poetas.
Palmares, eu te amo pelo valor cultural e lutas que encerras.

© Jaorish Gomes Teles da Silva.

11 de agosto de 2007.

* PARA SEMPRE PALMARES (crônica)!

PARA SEMPRE PALMARES!

Adoro esta terra! E é neste pedaço de chão que espero viver o resto dos meus dias e depois aqui, para sempre, repousar meu espírito. Outro dia, transitando pelas ruas, um amigo que eu não via desde a enchente catástrofica que aniquilou nossa querida Palmares, (e graças a esse povo destemido e bravio a cidade foi reerguida) indagou-me: por que você não vai morar em outra cidade? Fui enfático: daqui, não arredo pé! Eu sou da terra dos poetas! E foi nesta cidade que desde cedo aprendi a respeitar e admirar seu povo, sua gente. Homens e mulheres simples, porém, guerreiros, altaneiros em generosidade, arte e rebeldia. Palmares está marcada na história por ser revolucionária e ao mesmo tempo, benévola, complacente. Recordo Ernesto Che Guevara: “ O verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimerntos de generosidade; é impossível imaginar um revolucionário autêntico sem esta qualidade”

Palmares das palmeiras imperiais, dos rios Una e Pirangi, que tanto embalaram meus sonhos. Terra de Zumbi, dos poetas; do clube literário, entupido de literatas; da biblioteca pública Fenelon Barreto; do Cine Teatro Apolo; do clube Ferroviário; da estação Ferroviária; do Alto do Inglês; do Cocão do Padre; do Hotel Jaú; do Cinema São Luiz, onde pela primeira vez meus olhos correram as pernas de Brigite Bardot, dos meus namoricos, era a sétima arte, me mostrando os caminhos do mundo. Palmares dos meus antepassados; dos Griz; dos Borbas; dos Oliveira Cavalcantis; terra querida, dos Monteiros da Cruz; de Luiz Ferraz, Jessiva Sabino, dos Mirandas Marques, terra de Juarez Correya, de Afonso Paulo Lins, de Joab e Iolita, de Sr. Virgílio e D. Iraci Palmares dos artistas populares Rabeca, Veludo do pífano, do mestre Teles Júnior na arte de talhar. Dos intelectuais, dos fotográfos, do relojoeiro Zinho dos sapateiros Sotero Salvador e Pacarú. Palmares, das artimanhas de Otacílio e Piruzinho; dos chafarizes; dos banhos de bicas e cachoeiras; da feira livre. Dos bancos das praças, e dos bancos das toldas do mercado público.Do antagonismo ideológico.Palmares dos meus queridos amigos artistas Zé Linaldo, Tonho Oião, Mazinho, Zé Ripe, Marquinhos Cabral. Palmares dos meus irmãos, dos Joãos, dos Josés, das Marias. Palmares dos Cabarés Sorriso da Noite, Aritana, Monte Carlo, Pajuçara.

Em Palmares, muito me apraz, o nome das suas ruas: da Soledade, da Palma, Da Notícia, Bom Destino, Boa Vista, do Jardim, da Aurora, rua Visconde Negro e Engole Homem. E dos engenhos Verde, Goiabeira, Boa Fé, Fanal da Luz.

. E conta-me sempre minha mãe, da minha primeira estripulia: foi esperneando no ventre aquecedor dela, pedindo angustiadamente para ali não nascer, que migramos para o melhor lugar do mundo, sendo pra mim, “a terra prometida”. Não que eu tivesse alguma coisa contra a cidade de Colônia Leopoldina, muito menos seu estado Alagoas. Mas o que eu queria mesmo era ser palmarense, pernambucano! E tanto esperneei que minha mãe concordou e pediu pra que meu pai providenciasse transporte o mais rápido possível. Nada, nenhum transporte. Ninguém de bom senso arriscaria veicular naquela estrada, ocasionalmente, encontrava-se pior que de costume. Alguém terminaria aquela viagem? Perguntava meu pai. Insisti! Esperneei mais forte, minha mãe sentia... Tornou a pedir a meu pai e este já determinado convenceu um outro destemido amigo a romper tal obstáculo. Era um jeep Wilis, ano 58, e cor verde, com pouco tempo de uso.
Aportamos no casarão dos meus avós maternos, localizado na rua Coronel Izácio, 124, faltando poucos minutos para o meio-dia. Tempo suficiente para aprontarem o quarto. Minha mãe já no trabalho de parto, eu impaciente, me contorcendo... Pronto! Era exatamente meio-dia do dia 12 de junho do ano de mil novecentos e sessenta. O sino do velho mercado público, repicou, saudando o mais novo filho desta terra, festejamente com aquelas doze badaladas, chorei de alegria! Nascia naquela cama de madeira escura trabalhada, pesando aproximadamente 3.500 Kg, cabeludo e risonho, falava a parteira Amélia Miranda, ao pegar-me. Ia me esgoelar, quando parei para escutar aquela mulher linda, colocar-me entre os seios, mesmo dorida, a falar para todos que se faziam presentes: “ chama-se Genésio, nosso Genésio. Meu pai concordou imediatamente.

Aqui abro aspas para citar o grande contista poeta e crônista Lêdo Ivo, apesar de ser alagoano, tinha no coração, amor pelo Recife, e que imortalizou-se com seus brilhantes versos, entre eles: “ Amar mulheres, várias. Amar cidades, só uma – Recife”

Amplio este perfil, por amor a esta terra, minha mãe natural. Aqui amo violenta e docemente. E, quando no mais alto cume de ti me encontro, apreciando-te, afagando-te e acaricio por completa. E, ao sentires desnuda, acolhe-me mais fortemente, dando-me a sensação de euforia e prazer.

E foi sob o olhar aprovador de Nossa Senhora da Conceição dos Montes, que desposei Palmares, como minha legítima amante. Declarei esse amor de livre e espontânea vontade e prometendo-lhe amá-la e respeitá-la, e ofereci-lhe como prova deste amor minha poesia, minha alma: “Por certo, um dia, do alto das palmeiras de minha terra, terra do meu refúgio, da minha inspiração, desfoflar-se-ão, e cairam sobre meus escombros, alimentando minha alma e o meu amor por ti! Salve Palmares, para sempre, Palmares!

Crônica escrita pela passagem dos seus cento e trinta e três anos de emancipação política.

Genésio Cavalcanti
Palmares, hoje e sempre

BRASÃO DO MUNICÍPIO DOS PALMARES (AUTOR: TELLES JÚNIOR):

O Escudo de Armas do Município dos Palmares foi criado pela Lei Municipal nº 688 de 24 de outubro de 1975.
O Escudo, da autoria do pintor Telles Júnior, é constituído pelo Escudo propriamente dito, ladeado por dois sustentáculos do Escudo, representando os dois chefes da República dos Palmares, Ganga Zumba à sinistra e Zumbi à dextra, como os vigilantes de todo o patrimônio municipal.
O escudo, ornamentado de barras paralelas, alternadamente em blau e branco, representa a Igualdade.
No abismo, um Sol nascendo sobre os montes, iluminando o Rio Una, reflete sobre as águas e sobre os campos a sua força vital, necessária a todo o progresso. Ainda, no coração do escudo, à sinistra, uma cana de açúcar, simbolizando a riqueza do município e da região. À dextra, uma palmeira real, simbolizando a denominação do município. Em contrachefe, fora e abaixo do escudo, um laço em blau, trazendo em ouro a legenda "DEUS-PÁTRIA-FAMÍLIA".
À sinistra do laço a data histórica da criação do município: 24-05-1873. À dextra a data 09-06-1879, lembrando a Emancipação econômica e política dos Palmares.

BANDEIRA DO MUNICÍPIO DOS PALMARES:


A Bandeira do município dos Palmares, idealizada por Luiz Portela de Carvalho, foi hasteada pela primeira vez no dia 13 de outubro de 1963, na inauguração do Palácio do Bambu, atual sede do governo municipal, quando também pela primeira vez, foi cantado o Hino dos Palmares.
O autor da bandeira foi Baltazar da Câmara, pernambucano de Vitória de Santo Antão, que morreu no ano de 1983.

Cores e significados
No pavilhão municipal o azul representa nosso céu, o branco representa a paz, o sol simboliza a liberdade; a faixa azul na parte inferior representa o rio Una e a cana é a nossa principal cultura.

HINO MUNICIPAL DOS PALMARES (Letra: por Milton Souto
Música:Edson Carlos Rodrigues & Nehemias Galdino de Araújo):

Na conjunção dos seus canaviais,
a alma verde da gleba está latente,
como esperança que riqueza traz,
tornando o solo forte e independente.
Engenhos, casas-grandes lá de outrora,
que existem pelos campos em Palmares,
são marcos a lembrar, somente agora,
as tradições de fases seculares.
Palmares é Canção da Natureza,
- Exortou, certa vez, Silva Jardim.-
É terra de cultura e de grandeza,
no mundo não havendo igual assim!
Os seus dois rios – Una e Piranji,
cujas águas deslizam no torrão,
sempre irmanados, passam por aqui,
a decantar Palmares em canção.
É qual Arcádia, sempre rutilante!
Hipócrene feliz das mais diletas.
Por graça lá do céu edificante
nasceu, assim, a Terra dos Poetas!
É nova Atenas. Honra deste estado.
Aponta ao saber lindo cenário.
Reflete eternas luzes do passado,
nas tradições do Clube Literário.
Salve! Este solo glorioso.
- Que tendo história, tem belezas mil.
- Que o Brasil já tornou tão orgulhoso,
por ser a nova Atenas do Brasil!
Palmares é Canção da Natureza,
- Exortou, certa vez, Silva Jardim.-
É terra de cultura e de grandeza,
no mundo não havendo igual assim!

O Hino Municipal dos Palmares, composto da música de Edson Carlos Rodrigues e Nehemias Galdino de Araújo e do poema do escritor Milton Souto, foi oficializado por Ato do Poder Executivo de nº 306 em 03 de outubro de 1963, conforme o Decreto de nº 144, na gestão de Luis Portela de Carvalho.

Ficou instituído pelo Poder Executivo, o dia 13 de outubro dedicado ao Dia do Hino e da Bandeira Municipal, conforme decreto da Câmara Municipal e a Lei sancionada pelo Prefeito do Município.

Será de uso obrigatório o cântico do Hino Municipal nos dias dedicados ao Hino e Bandeira Municipal e Emancipação Política do Município.
Será de uso facultativo a sua execução ou cântico na abertura de sessões cívicas, nas cerimônias religiosas a que se associe sentido patriótico, no início ou encerramento de transmissões radiofônicas, bem assim para exprimir regozijo público em ocasiões festivas.
Será de uso obrigatório o cântico do Hino Municipal em um dia da semana, nas escolas pertencentes à rede municipal de ensino.