sábado, 16 de julho de 2011

* IMAGINÁRIO DAS UTOPIAS

(Um mundo de inquietos)
Imaginem se por capricho da vida, os grandes idealistas da história
Vivessem no mesmo momento?!
...Buscando chegar à vitória
Lutando contra o tormento

Imaginem se num mesmo grupo
Estivessem Frei Caneca e Lampião. E na luta pela libertação, Tiradentes, Corisco e Sandino. Olga Benário, Ernesto Guevara,
Maria Moura, Antônio Silvino...

Imaginem Diógenes Arruda
Com Margarida Alves e Camilo
Cada um com bravura a seu estilo
Em defesa da classe injustiçada
Dandara, Maria Bonita como aliada,Conselheiro conquistando sertões e mares,
Tendo ao seu lado, Malcon X, Zumbi dos Palmares

Anita Garibaldi, Gregório Bezerra, Sinhô Pereira
Imaginem num mesmo
momento,
Toda essa gente guerreira!?
Volta seca e Raul Leoni
Mandela traçando um plano
Dom Hélder, Josué de Castro,
juntos com José Mariano
Joaquim Nabuco, Joana D’arc...
Todos vivendo no mesmo ano!?

Iria sair faísca
Uma ebulição de energia
Toda essa força avançada
Numa luta sempre empolgada
Derrubando qualquer utopia.


Por André Agostinho

* De tanto amar

De tanto que te amei

De mim me afastei
Esqueci...
Agora que me achei
De mim me encantei
...Renasci...

By Lou de Olivier 11/07/2011



Conheça site pessoal:

http://www.loudeolivier.com/

* Reciclando

Composição de dois poetas em nosso grupo lá no Facebook:

Domênica Rodrigues:

Reciclando...

Tenho reciclado sonhos...
Amores,
Odores e dores
Tenho reciclado ações
...tensões e o que chamo de tentações...
Tenho reciclado as coisas
vivas e vindas.
Chego a conclusão que estou reciclando a vida!

Jaorish:

Reciclando

Inventando
...Sempre amando
E mais ainda me amando
Porque reciclar é juntar elementos putrefatos, lixos, tudo jogado fora e transformar em algo melhor e aproveitável.
Eu me melhorando
Eu mais me amando
Serei mais amável
Serei pessoa mais amada
E da vida sempre melhorada
Renovando paixões
Passados desgastados
Velharias reinventadas
Mundanas transformações
Para enfim rumar para as plagas ignotas infinitas
Ser gente reciclada nos divagares da Luz!

Domênica Rodrigues:

Como não falar em se reiventar
se recomeçamos a cada dia.
cada dia como se fosse o ultimo que clareia a nossa guia.
Tanta Luz e tanta Paz
para a leveza de quem vinha,
quem vai reconstrói caminhos,
quem vem refaz alegrias,
quem traz deixa saudade de coisas "Irreciclavéis"
como o coração de quem tanto se queria.

* AUTO-EXÍLIO

Deu vontade
De ir embora,
Bater a porta,
Fechá-la para sempre.
Sair
E não me deixar entrar.



(Cecília Villanova)

* A vida

penso o que é a vida.

é um conjunto de atos que me comandam,
ou é o caminho que escolho e como num grande rio,
tem que cumprir seu destino.
Mais eu quero saber se posso mudar,
mais o medo me paralisa e me retrocede
e o que acaba sobrando são só condicionamentos.


René Manoel Soares Leal



* Amor de verdade

Manuelyto Caribé



Que pena!
Toda tristeza mora no meu peito...
...Que pena!
Já não consigo nem dormir direito.
Acalentei um sonho
Que eu julgava fosse de verdade,
Que ao despertar levou toda felicidade,
Um sonho que foi bom o pouco que durou...



Que pena!
Eu não liguei para a filosofia...
Que pena!
Eu tinha ouvidos, mas eu não ouvia,
É dura essa lição,
Que me mostrou toda a realidade,
Quando se perde um amor de verdade,
Quando ele vai embora é que se mede a dor.




Quisera ser o novo dono do seu coração
Fazer o meu pulsar, com toda emoção,
Fazer seu corpo inteiro estremecer, de prazer...
Quisera ter você pra sempre aqui do meu lado
Eu vivo tão sozinho, triste, abandonado,
Quem me dera de novo sonhar com você!

* Deus te cuide

Que Deus te cuide com carinho

Que te indique o melhor caminho
Que te ensina o verdadeiro amor
Que te perdoa quando preciso for
Que Deus te de assas para voar nos sonhos
...Te ajude a pousar mas também te mostre a realidade quando tiver que enfrentar
Que Deus te de forças para encarar tudo que não puder ser mudado
Que Deus te de saúde que teu coração nunca mude
E que ao envelhecer você possa dizer que a tua maior FELICIDADE foi VIVER.

Ge Castro

* Cordelteca propicia resgate cultural

Iniciativa pioneira, o equipamento cultural no Eusébio homenageia o cordelista Rouxinol de Rinaré



Eusébio.
A Prefeitura de Eusébio inaugurou a primeira "Cordelteca" em uma escola pública no Estado, na Escola Mário Sales, no Bairro Jabuti. O equipamento homenageia o poeta cordelista Rouxinol de Rinaré, cearense reconhecido internacionalmente por sua arte nos versos populares.


Os alunos utilizam o espaço, decorado com equipamentos e materiais do sertão nordestino, para elaborar os seus textos que são transformados em literatura de cordel, que por sua vez são utilizados como material didático nas escolas.

História local

O idealizador do "Cordelteca" é o educador social, Gilvan Cunha. O espaço funciona como uma espécie de museu, onde os alunos, por meio de uma gincana, pinçaram nas comunidades peças antigas que contam um pouco da história da região, como, por exemplo, uma canga de boi, que tem mais de 100 anos. No local estão expostos também potes e outros utensílios de barro, ferros de engomar à brasa, chocalhos, fundas, panelas, brinquedos artesanais, materiais feitos de palha, lamparinas, bancos, mesas, entre outros objetos.

"Além desse trabalho de resgate de peças históricas, estamos adotando nas escolas o uso do vocabulário cearense, o chamado ´cearês´, para a elaboração dos textos, para a forma de falar do cearense não fique esquecida ou ignorada pelas novas gerações", disse Gilvan.

A secretária de Educação, Marta Cordeiro, afirma que a "Cordelteca" está no mesmo segmento dos projetos "Alfabetizar de Verdade" e do "Protagonismo Juvenil", que levam o aluno a ter uma consciência crítica da sociedade. "Esse trabalho compõe a política pública para educação básica no Eusébio, iniciada desde o início dessa administração. E com o projeto Ondas da Leitura criamos várias vertentes como essa agora a ´Cordelteca´. Temos que investir no protagonismo juvenil para formamos cidadãos cumpridores de seus deveres, além de aglutiná-los em torno da escola. Parabenizo o professor Gilvan pela iniciativa", asseverou.

O prefeito Acilon Gonçalves afirma que projetos de extensão como a Cordelteca caminham para ser tendência no Estado, fazendo com que a educação convencional busque vertentes que atraiam os alunos a participar de forma mais efetiva da comunidade escolar, ampliando seus horizontes artísticos, culturais e sociais.

Fonte: Diário do Nordeste

* ELEGIA PARA UM AMIGO

Hoje, 16 de julho de 2011, tive o desprazer de sepultar um grande amigo. Estou falando de Luiz Carlos, amigo para todos os momentos. Nossa amizade foi construída através de momentos felizes, de alegria, de brincadeiras e descontração quando nos reuníamos com outros colegas para tomar “uma”. Eram momentos de puro prazer e que duravam horas entre boas conversas e copadas de cerveja. Consolidamos nossa amizade quando fomos fazer um curso de especialização em História do Brasil, na Famasul, e junto com o também amigo Manoel, formamos o “trio parada dura”. Apresentávamos trabalhos, pesquisávamos, sentávamos e almoçávamos juntos. Terminamos a especialização, mas a nossa amizade se firmou mais ainda no nosso dia a dia como professores. Perder um amigo da forma trágica como aconteceu com Luiz Carlos é lamentável. Sabemos que um dia todos nós passaremos pela inevitável experiência com morte, mas nunca dessa forma, ou seja, violenta e chocante. Nós, como seres humanos, não temos o controle dessas coisas, foge da nossa condição humana, mas se pudéssemos intervir nesse processo, não permitiríamos que o inevitável ocorresse dessa forma. Pessoas simples e de bem com a vida, incapaz de fazer o mal alguém, prestativas, dedicadas ao trabalho, à família não mereciam morrer da maneira como ele morreu. Hoje foi um dos piores dias da minha vida por ter visto o corpo do meu amigo Luiz Carlos dentro de um ataúde, cercado de familiares e amigos chorando e com seus corações apertados pela dor provocada pela tragédia que se abateu sobre ele. Nessas horas o que nos consola é ter pudido conviver com Luiz Carlos, ser seu amigo e buscar, na história que construímos forças para continuar as nossas vidas, agora, com algo a mais que nos moverá para sermos melhores diante da vida que é tê-lo em nossos corações. Um poeta, certo dia escreveu: Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito, dentro do coração... Acho que essa frase cabe muito bem nessa pequena, mas sincera homenagem que faço ao meio amigo Luiz Carlos Ferreira. ETERNAS SAUDADES!

José Valter Ferreira.

* Games como forma de educar

Crianças e adolescentes têm a mente muito criativa, principalmente por estarem em uma fase de aprendizagem, onde absorvem muita informação e as transformam de acordo com sua própria cultura. Deixe que seus alunos expressem o que tem aprendido na escola de uma forma que eles gostem: através dos jogos.
O XNA Game Studio Express permite que alunos e professores criem games didáticos, que estejam de acordo com o cronograma de ensino, para facilitar o aprendizado dos estudantes. Explorar as possibilidades de múltiplas soluções para problemas, caminhos a seguir e decisões a tomar, são algumas das habilidades e competências que o professor pode desenvolver junto aos seus alunos com esse programa.
Você pode baixar o XNA Game Studio Express gratuitamente no site Conteúdos Educacionais. Além disso, fornecemos também alguns tutoriais e exemplos para você começar a usar a ferramenta. Cadastre-se no site e bons jogos!

* Fragmentos...

De: JR MUIRAQUITAN




A cidade dorme em parte, Enquanto almas perambulam
Pelas ruas, becos e vielas em busca de vida.
... A penumbra cobre as esquinas com paisagens desertas...
Em algumas partes chove e as marquises respigam seu choro.
Gatos cruzam avenidas em caminhadas incertas.
Alguns incautos se aventuram noite adentro. Insones.
Sós as boates e os bares da "Coreia" teimam em desafiar a noite
Com seus clientes habituais - aves noturnas da solidão.
Os sobreviventes notívagos, os moradores de rua e as
Prostitutas bêbadas, em seus desalentos se misturam
Com boêmios em inusitada serenata, embotadas
De lágrimas, suor, desprezo e paixão...
Margeando a metrópole o rio passa veloz em seu burburinho.
A madrugada já esmorece sua negretude
E os pássaros começam a gorjear.

* A carne do teu beijo

Zé ripe para “Colméia das letras”


Tô andando pela rua
...Tô sozinho na cidade
Paro em olhares pasmos
Alertos cães farejadores
A procura que não acaba
Horizontes imaginários
Dói o tédio à carne nua
No seio da calamidade
E a que será que isso tudo vai?
Caros sofredores, fiéis do bem legionários

A minha dor ainda é mais forte
Quando olho nesses olhos de brilho encharcado
Correm lágrimas em minha cara
Cuspo a poeira da estrada
A mão à fronte, como tudo se perde
Como tudo se afasta
Vou me vestindo de saudade
Não dessas horas, nem de outras passadas
Mais do futuro cada vez mais perto
Cada vez mais deserto
Esse caminho por certo
Não nos leva á nada...

Ah! Meu amor! Eu quero tua mão
Teu corpo porto
Este universo é meu conforto
Mata-me de desejo
À carne do teu beijo
Alimenta-me
Resgata-me
Toma-me em tuas mãos!!!



* Compensações do viver

Muitas vezes, perder algo de valor, em mudanças impostas pelo sofrimento, é o jeito de encontrar algo de mais precioso no caminho.



Na contabilidade da vida, a idade é convenção; o que existe é o tempo, e todo tempo é importante.


Um abençoado final de semana.

(Hyrton Neves)

+ CASÓRIO

Minha caneta

Faz cócegas no papel.
A caneta e o papel:
...Casamento perfeito!
Para testemunha:
O poeta.

(Cecília Villanova)

sexta-feira, 15 de julho de 2011

* PALMARES

Fred Caminha



Por entre belos montes

que mais parecem mares
vive a poética Palmares.
...


Digo mares, pelo verde
da canas oscilando ao vento,


onde camponeses
feito os pescadores
se perdem
em trabalhos lamentos.


A cachaça, açúcar e mel
que chegam à vocês lá,
não brotam das canas
e sim,
das vidas e mortes
dos trabalhadores de cá.

* No Laço

Josinaide Teles







Caí no laço da armadilha
fui pega pelo lobo
...me tornei alimento para sua matilha
sua chegada me consumiu
como se fosse uma fugitiva da ilha.



Caí na penumbra dos teus braços
meus olhos já não eram a imperfeição do mundo
se tornaram vitrines para o ardor do meu peito.



E quem olhasse via
toda a pureza do sentimento
que tomou conta do meu corpo.



Esconder pra quê ?
se o meu querer é que todos soubessem
que o meu palpitante coração
tornou-se o lar mais doce do amor
assim como previu Djavan
agora longe de ti me falta um pedaço
feito a lua minguando
feito o meu nos teus braços

* pesadelo


Pesadelo

culpa distante
receio constante
cortina de medo
arrepio, calafrio
... drama remorso
boca seca receio
insonia bem cedo
taquicardia desperto
descontrole no certo
levanto me sento
no escuro deserto
nos outros o sono
em mim solidão
silencio e dor
indignação
melhor não te-lo
mas já que perdi
o sono por culpa
do velho pesadelo

* O futuro

Despeço-me do passado

Para viver melhor o presente
Tendo fé no futuro
...Plantando agora uma semente...

Cultivando essa plantinha
Sempre com amor e carinho
Para ela crescer forte e alegre
E não se ferir com seu espinho

Dedicar alguns momentos por dia
Pode fazer a diferença
Para tudo é preciso calma
Pois nada vai cair do céu na sua cabeça

Um dia vai chegar a colheita
E com ela satisfação
Mas a grande felicidade foi o caminho
E o objetivo alcançado: mera suposição!



(Carol Careta)

* Banco Mundial lança “histórias de sucesso” no desenvolvimento de África

Uma nova publicação do Banco Mundial ilustra exemplos de soluções económicas locais para “inspirar países num momento em que as nações africanas caminham rumo à prosperidade, após a crise financeira global.”







A obra intitulada “Sim, África Pode: Histórias de Sucesso para um Continente Dinâmico” – em tradução livre – contém informações de 26 casos de estudo, 20 de âmbito nacional e seis envolvendo vários países.






Progressos






As últimas duas décadas foram marcadas por progressos marcantes na África Subsaariana, e a obra examina as determinantes de tais avanços, aponta a economista-chefe para a região africana, Shanta Devarajan.






Os casos de estudo estão categorizados em quatro grupos. Moçambique e Uganda estão alistados nos sucessos de recuperação pós-conflito movidos por reformas politicas . Na mesma categoria aparecem os exemplos do Ruanda, com a revitalização do sector do café, e o Quénia com a adopção da liberalização de fertilizantes.





* BAIRRO DO RECIFE ANTIGO

Fred Caminha

Bairro do Recife Antigo:

praça diurna dos bancos,
área noturna dos cancros,
...zona de alegre-infeliz.

Seu porto atraca navios
com dólares, com marinheiros,
pras putas e seus banqueiros
no secular casario.

Lá Apolo virou cais.
Lá velho vira rapaz.
Lá todos viram casais.

E como disse um poeta
entre bêbado e sagaz:
Há sempre festa no cais.

* Livro mostra belos exemplos de convívio entre animais

O lançamento editorial do verão nos EUA, talvez do ano, é o livro “Unlikely Friendship” (Amizade Improvável – 47 histórias memoráveis do reino animal), escrito por Jennifer Holland. O livro é uma coletânea de contos tocantes, ilustrados por lindas fotografas de animais que surpreendentemente se tornaram parceiros.



Nele está a famosa história da gorila Koko que cuidava de um gatinho, mas também a de um elefante e um cachorro inseparáveis, de um leopardo e uma vaca, uma coruja cujo amigo era um cachorro spaniel, e ainda a amizade entre um tigre, um leão e um urso.



Holland, que escreve para a revista National Geographic, está recebendo muitos elogios pelo livro, que já está na quinta edição.



As informações são do site USA Today.



* Presença de Deus

(Marcelo Henrique)







No pasto orvalhado, repleto de vida,
...Na relva florida, de graça tamanha,
Em tudo eu pressinto a presença de Deus,
Tão vivo no adeus que o Sol dá à montanha.




Tão pleno no dia que nasce... e que morre...
Na fonte que escorre e que bênçãos encerra;
Na chuva bendita que traz, amiúde,
Mais água e saúde pros filhos da Terra!

Presente no brilho das monjas-estrelas...
E, ao vê-las, no céu, em total profusão,
Meus olhos marejam e a lágrima nasce:
De Deus, vejo a face no azul da amplidão!


É a luz de meu Pai refletida na Lua
Que, assim, se insinua, por trás de seu véu.
No altar do infinito, no templo celeste,
De nuvens se veste, flutuando no céu!

No brilho dos olhos, na luz de um sorriso,
No amparo preciso da mão que auxilia,
Na força que move e sustenta os planetas,
Nos tons violetas do parto do dia;

No doce torpor do rapé; no alimento;
No afago do vento, em contornos tão seus;
Na santa bebida ancestral, resgatada,
Em tudo, apurada, a presença de Deus!

Porque Deus é vida, é uma força infinita,
É a força que habita o fervor da oração,
Essência de tudo, que em tudo aparece,
Que invoco na prece do meu coração.

12-VII-11

* Livro resgata história da guerrilha de Porecatu

Símbolo da luta camponesa pela distribuição de terra no Brasil, a história da guerrilha de Porecatu, no Paraná, é resgatada no livro "Porecatu: a guerrilha que os comunistas esqueceram", do jornalista Marcelo Oikawa.

Além de influenciar a criação dos primeiros sindicatos de trabalhadores rurais, a guerrilha “motivou a assinatura do primeiro decreto de desapropriação de terras para fins sociais”.


Após 20 anos de pesquisa, o jornalista explica como ocorreu a guerrilha de Porecatu e como se deu a relação entre posseiros de Porecatu e o Partido Comunista Brasileiro – PCB. Segundo ele, como estava na ilegalidade, o PCB tentou alcançar o poder “partindo do campo para as cidades”.

Esta decisão, menciona, veio a “calhar com as necessidades dos posseiros de Porecatu que vinham resistindo como podiam contra os grileiros, jagunços e a polícia, desde 1944. Em 1948, a convite dos próprios posseiros, o PCB entra na luta para liderá-la, imaginando que ela seria ‘a fagulha que iria incendiar o campo’, como diziam os dirigentes comunistas da época”.

Das 3 mil famílias que lutaram pela distribuição da terra, apenas 380 foram assentadas. Dos participantes da “chamada aliança operário-camponesa em Porecatu, apenas Manoel Jacinto era operário. Os demais comunistas, além dos trabalhadores rurais, eram ex-militares, médicos, advogados, engenheiros, professores, comerciantes etc.” conta ele, em entrevista à IHU On-Line por e-mail.

Apesar de ter lutado ao lado dos camponeses na década de 1950, integrantes do PCB e das dissidências PCdoB e PCBR evitam comentar o tema. Para o jornalista, o silêncio justifica-se porque “boa parte do PCB considerou Porecatu um dos maiores erros de sua história. Uma outra parte simplesmente silenciou (...). Terminado o conflito, as autoridades disseminaram pela imprensa que Porecatu não tinha tido importância, que havia sido algo espontâneo, errático, pequeno. Também muito curiosamente, setores da esquerda assumiram essa postura”.

Marcelo Oikawa é jornalista, paulista, foi repórter dos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo, atuou na região norte do Paraná e foi correspondente de diversos outros veículos de comunicação.

Confira a entrevista.



De onde vem seu interesse em pesquisar a guerrilha de Porecatu?



Sempre ouvia falar da guerrilha de Porecatu, mas ninguém sabia dizer muita coisa, senão que havia sido sangrenta. Como jornalista na região, sempre que visitava Porecatu e tocava no assunto, sentia que as pessoas evitavam o assunto com muito medo. Também há o fato de que minha família era próxima da família de Manoel Jacinto Correia, um comunista que foi um dos líderes daquela resistência. Ele passou a vida criticando e lamentando que a direção do Partido Comunista tivesse impedido a negociação oferecida pelo governo do Paraná, após anos de lutas, apesar da vontade dos posseiros. Manoel considerou um grave erro a recusa em negociar.



Por que Porecatu é um exemplo típico de como se formou a propriedade da terra no Brasil?



O Brasil colônia foi ocupado por capitanias hereditárias e sesmarias sempre tratadas com muito desinteresse por seus donatários. Com a Proclamação da República, requerimentos de posse deram entrada em cartórios por todo o território nacional sem nenhuma comprovação. Em muitos casos esses requerimentos se sobrepuseram a outros dando origem a disputas. É o caso de Porecatu, com a agravante de que o próprio governo estadual chamou os posseiros para ocuparem a região e depois os considerou intrusos.



O senhor afirma que Porecatu foi a primeira Liga Camponesa do Brasil. É isso mesmo? Não foi no Nordeste que elas se originaram? Qual a origem desse nome?



Sempre se achou que a primeira Liga Camponesa do Brasil foi a Dumont, de Ribeirão Preto, criada em 1945. Mas Porecatu a precedeu, fundando as duas primeiras associações de lavradores do país. O conflito em Porecatu registrou a criação de mais de uma dezena dessas associações, já com o nome Liga Camponesa. Foram precursoras das famosas Ligas de Francisco Julião, no Nordeste.



Qual a importância de Porecatu na luta camponesa brasileira?



É a primeira luta camponesa brasileira sem o componente religioso ou messiânico como Canudos e Contestado. É o evento inaugural que vai influenciar dezenas de lutas que ocorreram no Brasil a partir de Porecatu, inclusive com a criação dos primeiros sindicatos de trabalhadores rurais. Porecatu motivou a assinatura do primeiro decreto de desapropriação de terras para fins sociais. Também foi lá que se usou pela primeira vez a palavra camponês para designar o trabalhador rural sem terra, colono, arrendatário ou pequeno proprietário.



Por que o PCB decidiu se envolver nos conflitos camponeses e deslocar quadros para apoiar a luta dos posseiros?



Com o início da Guerra Fria, os partidos considerados comunistas foram colocados na ilegalidade. Com isto, no Brasil, os comunistas mudaram sua estratégia e tática, passando a considerar a via revolucionária para o poder, partindo do campo para as cidades. Esta decisão vem a calhar com as necessidades dos posseiros de Porecatu que vinham resistindo como podiam contra os grileiros, os jagunços e a polícia, desde 1944. Em 1948, a convite dos próprios posseiros o PCB entra na luta para liderá-la, imaginando que ela seria “a fagulha que iria incendiar o campo”, como diziam os dirigentes comunistas da época.



Os trabalhadores receberam bem e aceitaram a liderança do PCB? Como se deu a luta? Houve enfrentamentos, muitos morreram?



O PCB foi para os trabalhadores uma esperança de conquistarem finalmente os títulos de propriedade. Os conflitos, com táticas de guerrilha, se estenderam até junho de 1951, período em que os combatentes chegaram a controlar uma área de 40 quilômetros quadrados. Para se ter uma ideia da violência que imperava na região, em 1953 dois jornalistas da revista O Cruzeiro realizaram um levantamento nos cemitérios da região e descobriram que metade das covas eram ocupada por corpos de pessoas assassinadas.



A aliança operário-camponesa sugerida pelo PCB deu certo na luta em Porecatu?



Por responsabilidade do próprio PCB, a luta de Porecatu acabou fracassando. De mais de 3 mil famílias lutando pelos títulos, apenas 380 foram assentadas. E nessa chamada aliança operário-camponesa em Porecatu, apenas Manoel Jacinto era operário. Os demais comunistas, além dos trabalhadores rurais, eram ex-militares, médicos, advogados, engenheiros, professores, comerciantes etc.



O que mais lhe impressionou na pesquisa dos arquivos do DOPS e na leitura do diário de Hilário Gonçalves Pinha, um dos comandantes militares da luta armada?



Na pesquisa do DOPS, constatei que, nos 70 anos de funcionamento desse organismo policial no Paraná, Porecatu deu origem à maior quantidade de documentos policiais, mais do que o movimento dos estivadores no Porto de Paranaguá e o movimento dos ferroviários do estado. E no diário de Hilário, o que impressiona é sentir o calor dos acontecimentos e a sua descrição do confronto que causou o maior número de baixas entre posseiros, jagunços e polícia.



Quais foram as conquistas e as derrotas em Porecatu?



Marcelo Oikawa – Em minha opinião, as grandes lições de Porecatu são a descoberta pelos camponeses do valor da união, do trabalho em mutirão, da importância da organização. A experiência de Porecatu vai influenciar as lutas camponesas que ocorreram em vários pontos do país e do Paraná a partir da década de 1950. E a derrota ensinou, tarde demais, que é preciso ter amplitude na tática de luta, saber avançar e saber recuar, saber exigir e saber negociar.



Como os jornais da época abordavam os conflitos em Porecatu?



Marcelo Oikawa – Os jornais comunistas – haviam vários, praticamente um em cada um dos estados mais importantes – apoiavam, faziam campanhas de arrecadação de fundos e donativos. A grande imprensa da época cobria o conflito com grande alarde, mas é possível notar que agiam de acordo com seus próprios posicionamentos partidários. Na imprensa do Paraná, esse viés era escancarado. O interessante é que na maior parte do tempo esses jornais culpam seus adversários políticos pela situação em Porecatu. Somente anos mais tarde começam a chamar a atenção para a ação comunista.



Por que, em sua avaliação, dirigentes do PCB da época pouco tocavam no assunto da guerrilha de Porecatu e por quais razões, mais tarde, homens que se dividiram entre PCB, PCdoB e PCBR não falaram sobre o tema?



Essa é uma pergunta que está até hoje sem resposta. Por que se calaram? Uma boa parte do PCB considerou Porecatu um dos maiores erros de sua história. Uma outra parte simplesmente silenciou. É curioso notar que em 1954, em Trombos e Formoso, Goiás, o próprio PCB vai propor um acordo ao governo do Estado para solucionar os conflitos pela terra. Os dirigentes do PCB eram os mesmos. Talvez falar de Porecatu implicasse em admitir um erro importante.



Por que o senhor afirma que o PCB deliberadamente “esqueceu” de Porecatu? E, no mesmo sentido, por que a história de resistência dos posseiros em Porecatu é desconhecida para a maioria das pessoas?



Terminado o conflito, as autoridades disseminaram pela imprensa que Porecatu não tinha tido importância, que havia sido algo espontâneo, errático, pequeno. Também muito curiosamente, setores da esquerda assumiram essa postura. Por medo, a região sepultou a história em sua memória. Os únicos registros que restaram são as ações judiciais que estão depositadas sem grandes cuidados no Fórum de Porecatu e nos arquivos do DOPS, bem como com alguns familiares de comunistas que viveram a época.



Na avaliação do senhor, o que o MST herdou das ligas camponesas?



Não tenho conhecimentos suficientes para fazer uma comparação entre o MST e a luta camponesa da época. O que eu posso fazer é relatar uma experiência que vivi recentemente: ao finalizar o livro, decidi viajar à região para procurar os cenários da guerrilha.



Tive como guia dois líderes do MST na região. Além de encontrar o que procurava, encontrei também o que não procurava: várias fazendas que, na época, tiveram greves de trabalhadores e que ainda continuam lá, com o mesmo nome. Reinvidicavam, por meio de greves, melhores condições de trabalho e um maior apoio aos posseiros. Essas fazendas hoje são assentamentos ou acampamentos do MST.



Naquela época, os trabalhadores dessas fazendas foram os primeiros prisioneiros feitos pela polícia quando ela penetrou no perímetro do território controlado pela guerrilha. Os trabalhadores de hoje que lá estão continuam fazendo história, lutando pelos mesmos sonhos de 60 anos atrás.