terça-feira, 6 de agosto de 2013

* Festival internacional mistura arte e tecnologia em São Paulo


Mauren Ercolani/Fiesp
céu
São Paulo – Quem passa em frente ao prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na Avenida Paulista, depara-se com um enorme painel de LED interativo, no qual é possível alterar as imagens exibidas utilizando a própria voz, seja falando ou cantando. Trata-se do File LED Show – criação da dupla francesa 1024 Architecture – uma das principais atrações da 14ª edição do Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File), que ocorre até 1º de setembro.
A mostra tem cerca de 400 trabalhos de artistas do mundo todo, como conta Ricardo Barreto, um dos organizadores do File. “O evento é um cluster, um aninhamento de vários eventos. Tem animação, tem games, tem arte interativa, tem mídia arte, tem machinima [computação gráfica ou filmes produzidos com máquinas domésticas], ou seja, uma gama de repertórios”, disse.

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No edital do evento, aberto em caráter mundial, mais de mil trabalhos foram inscritos, mas nem todos puderam ser expostos devido ao limite de espaço e também por questões econômicas. “A maioria das obras exige muitas equipes para que ela possa surgir”, diz Ricardo. Ele explica que alguns trabalhos são enviados em CD, mas que é necessário ter pessoas cuidando dos computadores, dos projetores, da logística e de toda a estrutura. E completa dizendo que para expôr tudo o que gostaria, seria preciso um espaço três ou quatro vezes maior.
Uma das obras mais curiosas do File vem da dupla Hyunwoo Bang e Yunsil Heo, da Coreia do Sul. Cloud Pink é uma tela emborrachada colocada no teto de uma das galerias, e que reage ao toque humano formando uma nuvem lilás. Outra que chama a atenção é Balance From Within, um sofá que se equilibra em um só pé por meio de mecanismos robóticos, criação norte-americana de Jacob Tonski. Estas e outras obras podem ser vistas no Centro Cultural Ruth Cardoso da Fiesp, na Galeria de Arte do Serviço Social da Indústria (Sesi), e na Estação Trianon-Masp do metrô.
Ricardo Barreto acredita que o evento é importante para o Brasil e para a cidade de São Paulo porque a insere dentro do contexto de arte com tecnologia e mostra um viés que não existe em outros países. “Estamos em um bom lugar para a tecnologia. A tecnologia hoje é fundamental para a nossa vida”, diz.

* Crítica de teatro mais temida do Brasil, Bárbara Heliodora chega aos 90


 (Arte / EM)
  Uma frase escrita por ela tem poder de fogo – para o bem ou para o mal. Quem foi foco de tais palavras que o diga. “Lá do palco, a gente vê de longe aquela cabeleira branca. E treme”, confessa a atriz Drica Moraes. Afinal, quem não tem medo de Bárbara Heliodora? Prestes a completar 90 anos, ela é a crítica de teatro mais temida do Brasil. 

Curiosamente, há controvérsias sobre a famosa dona Bárbara. Quando o assunto é William Shakespeare, dificilmente se encontrará alguém no Brasil com tamanha autoridade para falar sobre o Bardo. Nesta hora, a mestra nada tem de durona. Embora o rigor seja quase marca registrada, ouvi-la discorrer sobre as dinastias inglesas ou sobre a genialidade do dramaturgo ofusca totalmente a persona mal-humorada. 

Defensores de um novo olhar crítico para o teatro contemporâneo acusam Bárbara Heliodora de manter postura personalista, sem aprofundar a reflexão sobre novidades que companhias, diretores e autores encenam atualmente. Mesmo assim, concordam: o interesse dela por seu objeto de análise é inquestionável. É daí que vem o respeito.

Quando pensa na figura de Bárbara Heliodora, a mineira Inês Peixoto imediatamente abre um sorriso. “Tenho um caso tão engraçado com ela...”, deixa escapar a atriz do Grupo Galpão. Rir também é a reação do ator mineiro Alexandre Cioletti ao se lembrar da experiência de ter sido criticado por ela: “Nunca na minha vida vou esquecer aquela frase. Hoje, já superei. Mas foi duro”. 

Ao lado de Débora Falabella, Alexandre Cioletti interpretava Paulo, personagem de 'A serpente', de Nelson Rodrigues, sob a direção de Yara de Novaes. O ator ainda se lembra do burburinho nos bastidores quando veio a notícia de que Bárbara Heliodora estava na plateia. “Foi aquele frisson. A gente finge que não está nem aí, mas dá medo. Não tem jeito de não sentir assim”, conta. Dias depois, o baque. “Ela acabou comigo. E eu pensava: não é possível. Bárbara Heliodora tem que ser respeitada por sua história, mas ouso dizer: ela não estava certa.” 

Uma das criadoras da peça 'Hysteria', a paulista Sara Antunes, ex-integrante do Grupo XIX de Teatro, também experimentou episódio de superação envolvendo Bárbara. “Ela sempre elogiou as peças que fiz. Então, quando foi ver 'Sonhos para vestir', eu não tinha pavor de suas críticas ou algo assim. Era alguém que, a princípio, gostava do meu trabalho. E abusei. Tive a ousadia de querer interagir com ela”, revela a atriz. 

Em determinado momento do espetáculo, dirigido por Vera Holtz, Sara perguntava aos espectadores que lugar escolheriam para ter um dia radiante. “Escolhi a dona Bárbara, e ela respondeu: ‘Inglaterra’. Outras pessoas criaram mil histórias com o nosso autor inglês, e a improvisação virou outra coisa. Ela saiu com a cara muito fechada, escreveu crítica terrível”, relembra a atriz. 

Para alento de Sara, depois de receber comentários nada entusiasmados de Bárbara, Fernanda Montenegro foi conferir 'Sonho para vestir'. “Quando acabou a sessão, ela ficou uma hora comigo falando sobre os árduos caminhos do ator, dizendo que devemos sempre seguir em frente. A crítica negativa veio com esse presente inesquecível”, revela a ex-integrante do Grupo XIX de Teatro. 

Foi notório o quanto a versão mineira de 'Romeu e Julieta', do Grupo Galpão, caiu nas graças de Bárbara Heliodora, autoridade em Shakespeare. Talvez por isso, a relação de profundo respeito e admiração foi cultivada por ambas as partes ao longo dos anos.

Quando a montagem estreou em Londres, a crítica carioca estava na cidade. Por coincidência, acompanhou o Galpão na excursão à terra natal de Shakespeare, Strattford-Upon-Avon. “Alugamos um ônibus. Foi lindo, porque ela sentou na cadeira da frente e deu uma aula para a gente sobre a relação de Shakespeare com as dinastias, falou sobre a totalidade da obra”, conta Inês Peixoto.

Além dessa lembrança, a atriz guarda a foto de Bárbara Heliodora com a trupe mineira na frente da casa onde Shakespeare teria nascido. 

Quando fazem turnê no Rio de Janeiro, os atores do Galpão, sempre que possível, são carinhosamente convidados para jantar na casa de Bárbara Heliodora. “Ela nos conta casos maravilhosos sobre o teatro brasileiro. É uma enciclopédia ambulante”, comenta Inês.

O tal caso engraçado entre as duas ocorreu num desses encontros, na época da estreia carioca de 'O inspetor geral', de Gogol. O bebê de Inez simplesmente golfou na blusa de seda da anfitriã. “Claro que ela achou graça, mas foi uma situação inusitada. Estamos sempre acostumados a ver a dona Bárbara pelo lado da crítica, muito temida. Mas vi-me naquela situação de mulher para mulher”, diz.

“A presença dela na plateia toca o ator, porque é uma pessoa que conhece teatro profundamente. Dona Bárbara pode ser muito dura com alguns espetáculos, mas, no geral, as críticas são consistentes. Ao mesmo tempo em que é temida, as pessoas desejam ouvir uma crítica dela”, conclui Inês.

O Estado de Minas procurou Bárbara Heliodora para falar de sua trajetória como crítica de teatro e especialista em Shakespeare. De acordo com a família, ela se recupera de problemas de saúde e não pode dar entrevistas. Depois de passar 20 dias internada num hospital carioca, Bárbara voltou para casa na semana passada.

 (Arquivo pessoal)
Na rede
A fama de durona de Bárbara Heliodora mereceu até perfil falso na internet. Aliás, vários. O responsável por isso é o dramaturgo carioca Felipe Barenco, que criou as contas dona Heliodora e dona Shakespeare. O primeiro perfil foi desativado, enquanto o outro, apenas no Twitter, superou 20 mil seguidores.

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55 anos de ofício

Na certidão, ela se chama Heliodora Carneiro de Mendonça. Nasceu no Rio de Janeiro em 29 de agosto de 1923, filha do mineiro Marcos Carneiro de Mendonça – historiador e goleiro da Seleção Brasileira (de quem a filha herdou o amor pelo Fluminense) – e da poetisa Anna Amélia, fundadora da Casa do Estudante do Brasil.

A carreira da crítica de teatro Bárbara Heliodora começou em 1958, no jornal carioca Tribuna da Imprensa. Até 1964, assinou coluna no Jornal do Brasil. De 1964 a 1967, coordenou o Serviço Nacional de Teatro. Dedicou-se ao ensino e ao estudo de Shakespeare, tornando-se respeitada especialista na obra do Bardo. Professora da Uni-Rio, deu aula em cursos de pós-graduação da Universidade de São Paulo (USP) e, em 1975, defendeu a tese de doutorado A expressão dramática do homem político em Shakespeare.

Bárbara Heliodora traduziu para o português clássicos da dramaturgia mundial, especialmente peças de Shakespeare. Desde 1986, escreve sobre teatro no jornal O Globo.

* Festival Internacional de Quadrinhos trará Danilo Beyruth a BH

Artista é responsável por títulos como 'Necronauta' e 'Astronauta Magnetar'

Danilo Beyruth virá a BH (ARQUIVO PESSOAL)
Danilo Beyruth virá a BH
  O Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), que será realizado em novembro em BH, contará com uma figura ilustre: Danilo Beyruth, de 40 anos, responsável por títulos como 'Necronauta' e 'Astronauta Magnetar'.

Atualmente, o quadrinista paulistano se dedica à graphic novel São Jorge, inspirada no santo que tem devotos espalhados por vários países – inclusive o Brasil.

Em 2007, Beyruth começou a chamar a atenção com 'Necronauta', HQ independente que posteriormente fez sucesso na antologia 'Popgun', da editora Image, e ganhou o prêmio Eisner. Em 2010, o primeiro volume saiu pela editora HQM. O segundo foi publicadopela Zarabatana no ano seguinte.

Outro marco da carreira de Beyruth é Bando de dois: os personagens Tinhoso e Caveira de Boi, últimos sobreviventes do cangaço, conquistaram legião de fãs. Essa produção recebeu o Prêmio Angelo Agostini e o Troféu HQ Mix.

O 8º FIQ será realizado de 13 a 17 de novembro, na Serraria Souza Pinto. O cartunista Laerte será o homenageado. Informações: www.fiqbh.com.br.

* Manifestações geram onda de livros instantâneos no Brasil

Mariana Peixoto - EM Cultura

 (EVELSON DE FREITAS/AE - LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS - LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS - NELSON ALMEIDA/AFP)
  Brasil, 17 de junho de 2013. Em 12 capitais, protestos levam milhares de pessoas às ruas contra o aumento das tarifas de ônibus, o custo das copas de futebol no país e a falta de ética dos políticos. Cem mil pessoas ocupam a Região Central do Rio de Janeiro; 65 mil param São Paulo; 30 mil fazem passeata em Belo Horizonte – trajeto que começou na Praça Sete e prosseguiu pela Avenida Antônio Carlos em direção ao Mineirão, onde se realizava a primeira partida da Copa das Confederações na capital.

Às 9h37 do dia seguinte, na editora paulista Boitempo, é trocado o primeiro e-mail sobre a publicação de uma obra sobre o momento político do país. Às 20h52 daquele mesmo dia, bateu-se o martelo. Um mês e meio depois, a editora lança 'Cidades rebeldes: passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil', coletânea de artigos que inaugura a coleção 'Tinta vermelha'. O e-book já está à venda. O livro físico chega esta semana às lojas. 

Esse é o primeiro livro impresso sobre o tema publicado no país. Mas há outros disponíveis, exclusivamente destinados ao mercado digital. A Companhia das Letras lançou o selo 'Breve Companhia' (somente de e-books) com dois títulos: 'Choque de democracia – Razões da revolta', ensaio do professor da Unicamp Marcos Nobre (saiu em 27 de junho), e '#vemprarua', reportagem do jornalista Piero Locatelli (disponível desde 15 de julho).

Independentemente do formato, as três obras são exemplos do chamado livro instantâneo – nos Estados Unidos, o popular instant book –, modalidade editorial que costuma vir à tona depois de grandeseventos e tragédias. O 11 de setembro é um exemplo disso.

No caso dessas obras, além do cuidado editorial, o hiato temporal entre o evento e a publicação é imprescindível para sua repercussão. Os três livros têm também em comum o preço bem abaixo do mercado. Cada e-book da Breve Companhia custa R$ 4,99. A coletânea de artigos da Boitempo é vendida por R$ 10 (livro físico) e R$ 5 (digital). 

Coordenador do Departamento Digital da Companhia das Letras, Fábio Uehara conta que a edição do e-book de Marcos Nobre foi rápida porque o autor já vinha trabalhando sobre o tema. “Ele estava escrevendo um livro que tentava explicar a falta de representatividade (no caso dos brasileiros), um dos principais motivos do início das manifestações. Conseguiu, em menos de duas semanas, fazer a pesquisa para contextualizar o conteúdo com o momento presente.”

Já a Boitempo vinha de bem-sucedida experiência com livros de intervenção (termo que a editora usa para os instantâneos). Em 2012, cerca de seis meses depois dos protestos ocorridos nos EUA em 2011, ela lançou a coletânea de artigos 'Occupy – movimentos de protesto que tomaram as ruas'. Foram vendidos 8 mil exemplares e chegou-se à segunda reimpressão. O processo é semelhante ao de 'Cidades rebeldes...': os autores abriram mão dos direitos autorais, por exemplo. “Se não fosse assim, aumentaria o preço do exemplar”, comenta o editor João Alexandre Peschanski, que coordenou o trabalho e escreveu o artigo “O transporte público gratuito, uma utopia real”.

'Cidades rebeldes...' é uma edição coletiva. “A produção foi muito diferente da de um livro convencional (que costuma levar de seis meses a um ano). Todo mundo da Boitempo participou, pois muita gente havia se envolvido com os protestos. A edição foi totalmente horizontal”, diz Peschanski, remontando ao processo decisório do próprio Movimento Passe Livre (MPL). São 16 artigos – de Slovoj Zizek, Leonardo Sakamoto, Mike Davis e Davis Harley, entre outros – bem como fotos do coletivo Mídia Ninja.

“É um projeto ambicioso, os autores estão se expondo bastante, pois apresentam análises de um processo que não acabou. Em livros de intervenção, o leitor deve analisar todas as vozes e tentar tirar a sua própria conclusão. Se tivéssemos seis meses para fazer uma reflexão maior, seria muito diferente. Não acredito, no entanto, que a publicação vá ‘matar’ os livros que saírem daqui a seis meses, um ano. São visões diferentes. Era muito importante o nosso sair rapidamente para intervir no debate”, conclui.

PAPA Outra editora brasileira que atua no filão do livro instantâneo é a Geração. Com a vinda do papa Francisco ao Brasil, a empresa lançou, em junho e julho, 'Francisco – Um papa do fim do mundo', perfil escrito pelo jornalista italiano Gianni Valente (primeiro livro publicado sobre Jorge Mario Bergoglio depois que ele passou a comandar a Igreja Católica); 'Mistérios sombrios do Vaticano', do americano H. Paul Jeffers; e Segredos do conclave, de Gerson Camarotti, comentarista político da Globo News, sobre os bastidores da eleição de Francisco.

“Editar instant book é como editar revista: uma corrida contra o relógio. Os livros devem ser publicados rapidamente, de 30 a 90 dias no máximo depois do acontecimento”, explica Luiz Fernando Emediato, publisher da Geração. A editora prepara um livro sobre as manifestações recentes. “Já avaliamos dois originais, mas não tinham qualidade. Estamos aguardando o terceiro”, conta o editor.

 (Facebook/reprodução)
Personagem da notícia
Piero Locatelli,  autor de #vemprarua

Testemunha ocular

Na tarde de 13 de junho, o repórter Piero Locatelli, da revista CartaCapital, foi detido pela Polícia Militar no Centro de São Paulo enquanto cobria a manifestação. A alegação para a prisão era de que ele portava um recipiente com vinagre. Na noite do mesmo dia, ele foi liberado. “Minha história é só um detalhe no meio de tudo”, afirma o jornalista, autor do e-book #vemprarua.

Locatelli foi procurado pela Companhia das Letras em 19 de junho, no calor das manifestações. “A partir daquele momento, comecei a buscar material específico para o livro. A urgência teve suas vantagens. Como o protesto era o assunto principal, estava tudo muito ‘quente’, todo mundo só discutia o assunto. A apuração ocorreu num bom momento”, conta ele, que entrevistou 30 pessoas para #vemprarua.

“Até por ser cobertura muito presente em redes sociais e portais de internet, busquei organizar tudo o que aconteceu, pois os relatos eram muito fragmentados”, continua ele. Locatelli explica a origem do Movimento Passe Livre (MPL), quem são os integrantes do grupo e o dia a dia dos protestos. “Tomei muito cuidado com a contextualização, pois ninguém tem a obrigação de saber quais foram as promessas que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, fez ao ser eleito”, observa. Detalhes assim fazem a diferença caso o relato seja lido daqui a alguns anos, longe do calor dos acontecimentos.

* Obra aborda os impactos do abuso digital no ano de 2140

Projeto reúne escritores e outros artistas para contar a história da humanidade no ano de 2140

Iniciativa reflete o impacto da tecnologia, internet e mídias sociais sugerindo tendências de comportamento para nossa sociedade atual


Acaba de ser lançado um novo projeto literário brasileiro que reúne ficção futurista, conteúdo artístico e tendências sociais. Promovido pela marca de vodka Absolut, o ABSOLUT 2140 é uma antologia ilustrada que traz, em quatro livros repletos de referências culturais e visuais, uma ideia da experiência compartilhada pela população humana, no ano 2140, refletindo o impacto da tecnologia, internet e mídias sociais.
A narrativa da série aborda, através da ficção, temas como possíveis impactos que o abuso digital dos dias atuais pode causar na sociedade futura, como por exemplo, a perda de memória recente. ABSOLUT 2140 retrata uma era onde as redes sociais se transformaram em uma “entidade” que controla seus usuários, instituições e governos, comunicação, trabalho e educação. Neste mundo, hábitos passados foram abandonados, recursos naturais são raros e super valorizados.
Vinte escritores contemporâneos brasileiros foram convidados a idealizar o comportamento humano na época em que uma rede social transformou-se em uma entidade a serviço de todos os conectados. A chamada a COM, comandada por seus milhões de usuários, passou a controlar instituições e governos, gerenciando tudo em nível global, incluindo comunicação, trabalho, educação, recursos naturais e controle de enfermidades. Porém, no sétimo dia do sétimo mês de 2140, um vírus letal identificado como “Kinsey” atingiu a COM. Para proteger os usuários, a rede deixou uma última mensagem e se autodesligou. Sem recursos, a população começa a sofrer uma série danos colaterais. O maior deles está relacionado ao arquivamento de dados: noventa por cento da população sofre perda de memória recente. A preocupação dos demais que conseguem lembrar é tentar ocultar essa capacidade.
O pool de escritores foi selecionado por Joca Reiners Terron, poeta e prosador brasileiro, responsável pela edição da série. Em sua lista, estão nomes como Santiago Nazarian, Emiliano Urbim e Ana Paula Maia, que representam a nova geração de talentos da literatura brasileira.
Todo o conteúdo artístico que permeia a narrativa foi editado por David Quiles Guilló, fundador da ROJO. As obras, assinadas por mais de 50 artistas globalmente reconhecidos, representam as principais referências da atual vanguarda cultural nas artes, design, música, arquitetura e audiovisual. Talentos como o americano Momo, o italiano Nicola Verlato e o suíço Zimoun, fazem parte da seleção do primeiro volume.
“ABSOLUT 2140 é uma série com quatro livros gerada pelo conceito de ‘história em estéreo’: existe uma narrativa para ler e um contexto paralelo ilustrado pelas obras de arte. Esses dois mundos se costuram e se completam”, comenta David.
A Absolut Vodka escolheu o Brasil para criar e lançar sua primeira obra no ramo literário por que “o país está vivendo um momento muito interessante no que diz respeito à arte e cultura. Tem se tornado um mercado cada vez mais maduro para receber este tipo de produto”, explica Rafael Souza, gerente do grupo de bebidas Premium da Pernod Ricard Brasil.
A série com quatro livros inéditos terá distribuição gratuita em São Paulo e Rio de Janeiro, e poderá ser encontrado em galerias de arte, lojas conceito, faculdades de artes, centros culturais, bares e restaurantes. Como por exemplo, Carte011, Japonique, Escola São Paulo. E no Rio de Janeiro, Dona Coisa e Zaza Bistrô. O primeiro volume estará disponível a partir de 14 de Maio.

* Uma sensibilidade pop na literatura

Relançamentos no país provocam reflexões sobre as ideias de Nick Hornby


THIAGO PEREIRA

“O que veio primeiro: a música ou a tristeza? Eu escuto música porque eu sou triste? Ou eu sou triste porque escuto música? Todos esses discos te transformam em uma pessoa melancólica?” Talvez a maneira mais fácil de se decifrar o escritor britânico Nick Hornby seja citar frases de seus livros. Muitas delas, memoráveis, estão espalhadas nas duas obras que acabam de ser relançadas no Brasil pela Companhia das Letras: a estreia “Febre de Bola” e o sucesso “Alta Fidelidade” guardam as chaves para explicar seu alcance com um público específico: fãs de cultura pop.


Hornby é um dos poucos autores contemporâneos que conseguiram, em uma vasta coleção de personagens, alcançar uma espécie de consciência pop de muitos leitores, dos anos 1990 para cá. Sujeito pouco afeito a aparições e ao circo midiático (a reportagem tentou falar com ele, mas não conseguiu), curiosamente, é através de extratos dessa mesma seara midiática, em um recorte que podemos chamar de cultura pop, que ele encontrou sua marca autoral, o ritmo de seus romances e ensaios. A construção do sensível (especialmente o masculino, apesar de uma ótima galeria de personagens femininos) no autor britânico é modulada por lições aprendidas nos discos de pop e rock, na paixão pelo clube de futebol, nos personagens clássicos do cinema, nos diálogos sagazes das séries de televisão.

“Acho que os livros – muito particularmente os dois reeditados – criam em torno de si comunidades de leitores que, no meu modo de ver, nem são leitores assíduos de literatura”, acredita Christian Schwartz, tradutor das duas obras. “Até leem, aqui e ali, algum romance na vida – mas, com Hornby, vale mais o interesse temático por música pop e/ou futebol. Acho que a chave é a linguagem: ao mesmo tempo que original, é próxima do leitor; ainda que claramente romanesca, ‘conversa’ com cinema e teatro”, sintetiza.

Universal. Trata-se de uma linguagem universal, própria de um mundo que se conecta, através da mídia, a um cardápio muito parecido de produtos culturais. Tanto que, para Schwartz, a maior dificuldade de traduzir Hornby é justamente as especificidades linguísticas entre um brasileiro e um britânico. “Difícil é ter a medida do português brasileiro coloquial contemporâneo que corresponda à linguagem dos livros. Tem menos a ver com o gosto musical do personagem (ou o fanatismo por futebol do autor), penso, do que com uma certa ‘fala’, ainda que por escrito, comum a gente de faixa etária jovem – mas nem tanto: Rob, por exemplo, caminha pra meia-idade – e de classe média”.

A ideia de uma comunidade de leitores faz muito sentido em relação à obra de Hornby, especialmente no caso de “Alta Fidelidade”. O personagem principal do livro, o trintão Rob Fleming, dono de uma loja de discos pouco badalada, acaba de terminar um relacionamento com Laura, o que se torna um mote para ele analisar, através de uma overdose de referências à cultura pop, o estado da sua vida como um todo. Junto com seus dois empregados na loja, passa o dia a ranquear (os “top five”) músicas, filmes, livros, e relacionamentos que importaram em suas trajetórias.

“É um romance geracional, daqueles que retratam um grupo de pessoas em uma determinada época, neste caso, o decantado fim das lojas de discos (que, no fim, não acabaram, e estão cada vez mais vivas), a valorização de certa honestidade em artistas, a elevação de listas ‘top alguma coisa’ à categoria de arte”, atesta Marcelo Costa, editor do site de cultura pop Scream & Yell. “O que você consome diz muito sobre quem você é, e Nick Hornby percebeu isso naquele momento olhando homens que se recusam a envelhecer como manda o figurino”, diz.

Para Márcio Serelle, professor da PUC.Minas e doutor em história e teoria literária, o maior mérito da obra de Hornby “está justamente nos momentos em que o pop falha, pois, evidentemente, em uma canção de Bruce Springsteen ou em um ‘top five’, não estão todas as escolhas possíveis e demandadas pela vida adulta, ainda que o narrador não se dê, a princípio, conta disso. Mas a cultura pop, mesmo nos romances do escritor (que são, sem dúvida, um elogio a ela), é, também, a dos tipos infantilizados, ‘estacionados’, ‘congelados’ – para usarmos alguns termos recorrentes nessa ficção”.Como Hornby escreve em “Alta Fidelidade”: “Não é nenhuma surpresa o fato de sermos tão confusos, não é? Somos como Tom Hanks em ‘Big’. Pequenos garotos e garotas presos em corpos adultos, e forçados a lidar com isso”.

Outra questão fundamental à obra de Hornby, segundo Serelle, é a “integração mais contemporânea da literatura à cultura popular. Ela se contrapõe, na literatura, ao academicismo, desconsiderando as clivagens entre alta e baixa culturas”. Realmente Hornby é um autor “consumível”, de textos sem a opacidade muitas vezes exigida na ‘grande’ literatura. “A primeira coisa que me chamou a atenção foi a união de duas coisas que admiro bastante: relacionamentos e cultura pop”, diz Costa. “A forma com que Hornby chocava estes dois temas também era uma crítica a um certo esnobismo cultural que circulava – e circula muito ainda hoje – na época. Afinal, como uma pessoa pode ser legal, se não conhecer Beatles?”, ri Costa.

Top Five
Cinco melhores personagens das obras de Nick Hornby, segundo o jornalista Marcelo Costa

1) Will Freeman, de “Um Grande Garoto”

2) Rob Fleming, de “Alta Fidelidade”

3) Duncan, de “Juliet, Nua e Crua”

4) Katie Carr, de “Como Ser Legal”

5) Nick Hornby, de “Febre de Bola”
Fora das páginas
As duas
 obras reeditadas neste ano de Nick Hornby foram adaptadas para outras mídias. “Alta Fidelidade” ganhou uma bem-sucedida versão cinematográfica em 2000, dirigida por Stephen Frears, com John Cusack assumindo o papel de Rob Fleming – que, aliás, vira Rob Gordon no filme. A película também levou a história para os EUA, diferentemente do livro, que se passa em Londres.

A obra também ganhou adaptação para o teatro no Brasil. Dirigida por Felipe Hirsch, “A Vida É Cheia de Som e Fúria”, trouxe o ator Guilherme Webber no papel do protagonista.

“Febre de Bola” ganhou duas versões cinematográficas. A primeira, com roteiro do próprio Hornby, é uma produção britânica de 1997, dirigida por David Evans. A segunda, bem menos inspirada, é “Amor em Jogo”, dirigido por Bobby Farrelly e Peter Farrelly, de 2005.

* Projeto de Lei quer tirar o mecenato do protagonismo dos financiamentos culturais!

Procultura – Incentivos para FNC e Ficart

O Projeto de Lei que institui o Procultura pretende trazer mudanças significativas ao cenário do incentivo à cultura no Brasil. Tendo em vista tirar o Mecenato do papel de protagonista da história, o substitutivo do deputado federal Pedro Eugênio (PT-PE) – protocolado na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados no dia 15 de maio de 2013 – propõe colocar em cena os outros dois mecanismos previstos na Lei Rouanet: o Fundo Nacional de Cultura e os Ficart (Fundos de Investimento Cultural e Artístico). O primeiro mal passou de figurante. O último nunca saiu do caderno do roteiro.
Foto: Jason RogersO FNC foi criado na Lei Rouanet com o objetivo de estimular a distribuição regional dos recursos a serem aplicados na execução de projetos culturais artísticos, a produção regional e artistas e produtores que não encontram amparo no mercado. Os Ficart foram idealizados para solucionar questões de infra-estrutura da indústria cultural, como construção de estúdios, de casas de espetáculos, importação de equipamentos, e serem utilizados em eventos de grande porte, como musicais, turnês de artistas internacionais e festivais – ações que acabaram, com o tempo, se acomodando no Mecenato.
O FNC recebe recursos de instituições públicas e privadas e os repassa aos projetos, por meio de editais. Os Ficart seriam formados por recursos do mercado financeiro e o valor das cotas não poderia ser deduzido do Imposto de Renda.
De acordo com o Projeto de Lei Orçamentária para 2013, o Fundo Nacional da Cultura terá neste ano R$ 370 milhões – os recursos destinados ao Mecenato somam R$ 1,7 bilhão.
O PL que cria o Procultura propõe que a taxa de renúncia fiscal para pessoa jurídica passe dos atuais 4% do imposto devido para até 6%. O primeiro 1% (que representa 20% da renúncia total) iria para o FNC. E como um atrativo para os patrocinadores doarem recursos próprios para o fundo, se fizerem doações de recursos próprios para o fundo, poderão alcançar 6% de renúncia. “É um mecanismo que associa incentivos às empresas doarem recursos próprios ao Fundo com transferências voluntárias. Quem não quiser, continua a utilizar os 4% como é hoje, mas quem quiser ter mais renúncia terá que colocar recursos próprios no Fundo e compartilhar parte da renúncia com o Fundo. Crescem assim tanto o FNC quanto o Mecenato. É mais recurso para a cultura”, afirmou o deputado Pedro Eugênio em entrevista a este Cultura e Mercado em abril de 2012.
Os recursos do FNC serão aplicados em três modalidades: não-reembolsável, para apoio a projetos culturais, transferências para fundos de cultura dos Estados, Distrito Federal e Municípios e equalização de encargos financeiros e constituição de fundos de aval nas operações de crédito; reembolsável, destinada ao estímulo da atividades produtivas das empresas de natureza cultural e pessoas físicas, mediante concessão de empréstimos, limitados a 10% dos recursos do fundo; investimento, por meio de associações a empresas e projetos culturais e da aquisição de cotas de fundos privados, com participação econômica nos resultados.
Os critérios de aplicação dos recursos do Fundo prevêem no mínimo 10% em cada região do país, sendo que cada Estado e o Distrito Federal deverão receber, no mínimo, o mesmo percentual de sua população em relação à população brasileira, limitado a 2%.
De acordo com o substitutivo, no mínimo 30% de recursos do FNC deverão ser destinados, por meio de transferência direta, a fundos públicos de Municípios, Estados e do Distrito Federal. Do montante geral destinado aos Estados, 50% será repassado aos seus Municípios, por meio de transferência direta aos fundos municipais de cultura, num prazo máximo de 180 dias. Para isso é necessário que existam os fundos de cultura aptos a efetuar a transferência, plano de cultura em vigor e órgão colegiado oficialmente instituído.
“É importante aumentar o fluxo de recursos privados para a cultura tanto quanto é fundamental aumentar a participação da pasta nos orçamentos públicos de todas as instâncias – municipal, estadual e federal”, acredita Gui Afif, sócio da empresa de consultoria e gestão de patrocínios Guaimbé Bureau de Cultura. Para descentralizar e democratizar o investimento cultural, não apenas a produção e o acesso, ele defende a extensão às empresas que trabalham em regime de lucro presumido. “Desta forma seria possível a criação de fundos municipais que reunissem recursos do comércio, indústria e serviços locais de diversas regiões do Brasil, apoiando pequenos projetos de maneira homogênea e democrática”, afirma.
Com relação aos Ficart, a Lei Rouanet não traz nenhum incentivo fiscal. Já o novo projeto permite que as pessoas físicas e pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real deduzam do imposto de renda devido até 100% do valor despendido para aquisição de cotas dos Ficart, nos anos-calendário de 2013 a 2017. “Essa é a mudança mais importante”, diz o deputado Pedro Eugênio.
Para o advogado Fábio de Sá Cesnik, sócio do escritório Cesnik, Quintino & Salinas, especializado na área cultural, criar um incentivo para uma indústria que precisa se desenvolver parece uma medida saudável, se bem direcionada. “Se ele for realmente direcionado nos eixos que devem ser estimulados, ao desenvolvimento da indústria do entretenimento ao vivo, por exemplo, pode ser uma propulsão diferente e interessante”. No entanto, 100% de benefício voltado a fundos de investimento, segundo ele, parece um retrocesso. “Acho bacana que a gente consiga criar um incentivo para tirar o Ficart da inércia, mas não faz muito sentido pensar em dar 100% de benefício para operações comerciais. É um desvirtuamento”, afirma.
Afif acredita que os fundos setoriais são um dos pilares da atuação do Estado no financiamento à cultura e devem continuar sendo sempre incentivados. Mas tem dúvidas sobre a eficácia da ação do Estado na atração do capital privado no “atacado”.
Para ele, com a globalização da produção cultural, o financiamento ao setor orientado para resultados e com uma visão de mercado é o futuro. E em algum momento todos os setores da economia criativa se beneficiarão, desde os mais vendáveis e lucrativos até os mais fechados. “Para estes últimos, os mecanismos governamentais funcionarão mais eficientemente, pois terão menos concorrência com os projetos comerciais – que hoje também têm dificuldade de se financiar, por isso recorrem aos incentivos. Neste cenário futuro, a importância do papel do FNC e dos Ficarts aumenta, pois o governo poderá atuar utilizando os resultados de iniciativas comerciais rentáveis financiadas por ele para incentivar iniciativas prioritárias para suas políticas.”
*No dia 17 de agosto, Cultura e Mercado e Cemec promovem o II Seminário #Procultura, que irá debater essas e outras questões referentes ao projeto que substitui a Lei Rouanet. Participe: http://bit.ly/16vmgnj.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

* Os pobres precisam de RESPEITO!

nasruas publicou:


" A pobreza não tem bagagem, por isso marcha livre e escuteira na viagem da vida humana."
( Marquês de Maricá )

Silenciosa e escuteira por entre toda história da humanidade. Onde apenas as vozes da fome e do abandono se ouve por entre os pobres desse país.
Pobres não carregam bagagens alguma, isso é fato!
Eles são as bagagens práticas e úteis dentro dos interesses ladinos, de quem utiliza esse pobres, para se tornarem ainda mais ricos e poderosos.
Interesses em colocar esse pobres, em seu próprio meio social. Modificando seu meio ambiente, lhes proporcionando dignidade e condições de vidas dignas?
Nada disso interessa para os que "tocam" esses pobres pelo Brasil afora. Bastam algum trocado antes e depois das eleições, com esses pobres alegres e felizes de "buxo cheio" por cada nova eleição.
Depois disso?
Garantem que nada mudará em suas vidas!
Seguirão sem bagagem alguma!
Livremente seguirão como bagagens!
Bagagens dispensáveis, por cada novo pobre que nasce!
Por cada novo pobre que votará!
Suas vidas miseráveis?
Suas mortes precoces?
Que fazer com todos esse pobres?
Bota eles para andar!
Tem sempre alguma nova eleição para se votar!
Essas bagagens humanas tem números para decorar!
Quem são seus candidatos?
Aquele que, primeiro pegar essa bagagem pelos braços. Dar a eles algum trocado, para seu voto e "confiança" ganhar!
Foi sempre assim...continua assim...assim, sempre será?
Já está na hora, de colocar esse povo em algum lugar seguro.
Não são meras bagagens utilizáveis.
Esses pobres merecem um futuro!
Precisam ficar no seu lugar de moradia.
Tratados com respeito, lutando e ganhando o pão de cada dia!
( Raquel Santana )

* Jovens atuais são a maior força de trabalho da história brasileira, diz estudo do Ipea


Marcelo Neri. Foto: Abr
Marcelo Neri. Foto: Abr
Os jovens brasileiros da atualidade são e serão a maior força de trabalho da história do país, tanto em nível absoluto quanto relativo, indica estudo da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado hoje (22) no Rio.
Nos próximos dez anos, a população jovem, de 15 a 29 anos, chegará a cerca de 50 milhões de pessoas, representando 26% da população. Somente a partir de 2025, esse número começará a declinar, diz o estudo. O tamanho relativo fica muito próximo da média mundial. Os dados fazem parte do primeiro fascículo de uma série que será publicada ao longo deste e do meio do ano que vem. O estudo também ouviu mais de 10 mil jovens em diferentes partes do país para saber quais são suas prioridades em uma lista que inclui 16 temas. Para a maioria dos entrevistados (85,2%), educação de qualidade é o principal anseio, seguido por serviços de saúde (82,7%) e alimentação de qualidade (70,1%). Ter um governo honesto e atuante é a quarta prioridade do jovem brasileiros (63,5%).O modelo de perguntas usado é da pesquisa My World da Organização das Nações Unidas (ONU)para subsidiar novas Metas do Milênio para depois de 2015.
O presidente do Ipea, Marcelo Neri, que chefia interinamente a Secretaria de Assuntos Estratégicos, explicou que essa onda de longa duração aponta desafios enormes em termos de políticas públicas, que ainda não são aplicadas de forma eficiente para os jovens. “Essa onda jovem vai durar dez anos, mas já vem de dez anos antes. O Brasil já está fazendo mudanças importantes em políticas públicas, mas ainda há muito o que se fazer nesse campo”, disse Neri.
Essa pororoca jovem pede atenção. É preciso ouvir quais as prioridades desses jovens”, acrescentou Neri. Segundo ele, mais do que políticas públicas de qualidade, ps jovens querem políticas adequadas às suas necessidades. Ele disse que as ações adotadas nos próximos dez anos serão decisivas para a economia e a política do país.
O subsecretário de Ações Estratégicas, Ricardo Paes de Barros, que coordenou o estudo, ressaltou que os próximos fascículos deverão aprofundar as demandas dos jovens e cruzar os dados com o que há de políticas públicas para esse setor. “Vamos cobrir a questão da educação e da distribuição de renda. Também estamos fazendo um levantamento completo de todas as políticas federais, estaduais, municipais, do terceiro setor. Vamos combinar essas demandas com as ofertas de políticas públicas para tentar identificar os gargalos e inadequações”, informou.
Barros, que considera dez anos um prazo razoável para correr atrás do tempo perdido, ressaltou que se, por um lado, o expressivo contingente de jovens pode gerar uma concorrência muito grande, por outro, com políticas acertadas, permite a interiorização da educação técnica e da superior, aumentando a especialização do conhecimento, entre outras vantagens.
Os pesquisadores ressaltaram que, embora a população jovem já tenha chegado a 30% da população, as taxas de mortalidade das gerações anteriores eram maiores que as da geração iniciada há cerca de dez anos, o que impedia que uma parcela dos jovens de então chegasse à idade economicamente ativa.
Edição: Nádia Franco
Reportagem de Flávia Villela, da Agência Brasil,