sexta-feira, 19 de abril de 2013

* Escritor defende literatura indígena



São Paulo – Quando era professor, Olivio Jekupe precisava provar para os alunos que tinha conhecimento da disciplina para que os estudantes passassem a respeitá-lo. “Quando eles duvidavam, eu começava a falar difícil e eles não entendiam nada”, relembra sobre a época em que precisou lecionar para se sustentar como estudante de filosofia. Hoje, é Olivio que se preocupa com a preparação dos professores. Na semana em que lança o seu 12º livro de literatura, o índio guarani defende a difusão das obras escritas por indígenas como forma de embasar o estudo da história e da cultura desses povos nas escolas.
“Os professores vão ter que falar sobre nós. O que eles vão falar? Se não têm assunto, eles vão falar um monte de besteiras sobre a gente. Então, por isso, que é importante o surgimento dos escritores indígenas”, diz Olivio a respeito do cumprimento da Lei 11.645 de 2008, que determina a inclusão das culturas negra e indígena no ensino médio e fundamental.
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Nascido em 1965, em Nova Itacolomy, interior do Paraná, Olivio começou a estudar filosofia em 1988, na Pontifícia Universidade Católica de Curitiba. Morava de favor com uma família da etnia Kaingang e vendia artesanato para se sustentar. Encorajado pelos amigos, começou a dar aulas para o ensino fundamental. Com dificuldades financeiras, veio para a capital paulista, para estudar gratuitamente na Universidade de São Paulo (USP). Apesar de ter investido mais quatro anos na filosofia, não conseguiu concluir o curso. “Vim para a USP porque era de graça, mas piorou, ficou mais caro, porque na USP o curso de filosofia é muito pesado. Na USP você tem que ler muito e gasta em tudo”, lamenta.
Olivio permaneceu na cidade e se consolidou como escritor. Atualmente, não só escreve, como incentiva outros índios nos rumos da literatura. Assim, ele acredita que vai conseguir derrubar as mentiras que foram ditas contra os povos da terra ao longo dos últimos séculos. Inverdades concretas nos monumentos que adornam a cidade de São Paulo “É um absurdo. Você passa em Santo Amaro e vê o [bandeirante] Borba Gato. Depois tem o [bandeirante] Anhanguera. A história mostra que eles eram grande heróis porque matavam índios” reclama. “É por isso que a literatura [feita pelo] índio aos poucos vai chegando e os escritores indígenas vão começar a desmascarar essa coisa”.
 
Morador da aldeia guarani Krukutu, em Parelheiros, extremo sul da capital paulista, Olivio conta que ao montar a sua última coletânea,  As Qeixadas e Outros Contos Guarani, incluiu entre os escritores até mesmo a própria mulher, que é analfabeta. Segundo ele, uma forma de adaptar os contadores de história guarani aos novos tempos. “Havia os índios com o dom de guardar as histórias na cabeça, não é todo mundo que tem esse dom”. Para ele, a incorporação dos saberes e das tecnologias dos brancos é uma maneira de defender a cultura dos povos tradicionais. “Quando não tinha nada disso, eles falavam que o índio é atrasado. Quando a gente começa a pegar tudo isso, eles falam que o índio é aculturado, que está perdendo a cultura. Não, não está perdendo. Essas coisas que a gente usa hoje são uma forma de defesa”, disse na entrevista à Agência Brasil, que foi marcada pelo Facebook.
Segundo o escritor, as bases da cultura indígena são a língua e a religião. Se isso for mantido, todo o resto pode ser usado para fortalecer a comunidade. Ele compara o uso das tecnologias pelos índios à maneira como os brancos se apropriaram dos saberes tradicionais dos índios, como a farinha de mandioca, a pamonha e o hábito de dormir em redes. “A tecnologia que os brancos inventaram a gente tem que usar para o bem. Assim como os brancos pegaram muita coisa dos índios e não fez mal”, enfatiza. “Temos computador, tem gente com celular, tem gente com Facebook, com e-mail. Hoje, a gente usa tudo isso, às vezes melhor do que os brancos”.
Olivio explica que, além da literatura indígena, a aldeia tem outras ações para difundir a cultura guarani. “A gente tem um coral. A escola que quiser é só entrar em contato com a gente, que nós vamos até a escola, damos uma palestra e fazemos uma apresentação do coral para as pessoas entenderem como é a música guarani”, ressalta, sobre o trabalho que é gerido pela associação da comunidade.
A organização jurídica formal foi a maneira encontrada pelos moradores da Krukutu de fortalecer a liderança tradicional do cacique e também garantir autonomia da aldeia, poder tratar dos próprios negócios sem intermediação da Fundação Nacional do Índio (Funai).
Edição: Tereza Barbosa
A TV Brasil veicula nesta semana uma série de reportagens em comemoração ao Dia do Índio, 19 de abril.

* Nobel de Literatura fala sobre sua visão de censura em Porto Alegre

Nobel de Literatura fala sobre sua visão de censura em Porto Alegre

Sul-Africano J.M. Coetzee palestrou e autografou livros durante duas horas no Salão de Atos da Ufrgs

O escritor sul-africano J. M. Coetzee, Prêmio Nobel de Literatura de 2003, falou sobre censura durante uma hora e autografou outra hora inteira algumas de suas obras lançadas no Brasil como "Desonra", "Verão" e "A Infância de Jesus", diante de um Salão de Atos da Ufrgs com metade de sua lotação, nesta quinta-feira. Coetzee falou como convidado especial da Difusão Cultural e do Núcleo Filosofia-Literatura-Arte da Ufrgs, sendo apresentado pela ensaísta e professora Kathrin Rosenfield, especialista em sua obra.

O tema da censura é retomado constantemente em sua obra e a ele o autor dedicou um livro de ensaios ("Giving Offense", de 1996). Morando atualmente na Austrália, onde leciona na Universidade de Adelaide, Coetzee destacou que na palestra queria retomar a censura nos anos 70 e 80 na África do Sul. O seu primeiro romance "Dusklands" foi publicado em 1974. O Nobel lembrou que teve acesso a relatórios de censura de três dos seus livros "No Coração do País", "À Espera dos Bárbaros" e "Vida e Obra de Michael K", que chegaram a suas mãos por parte de Herman Winterberg, quando o poder político passou para o governo popular na África do Sul.

"Os meus livros foram todos publicados e os censores alegavam nos seus relatórios que o livro não podia ser considerado 'indesejável', pois quando falava de tortura ou brutalidade (como é o caso de à Espera dos Bárbaros) o simbolismo era universal e era lido por leitores sofisticados, intelectuais", avaliou.

Depois de um tempo, Coetzee acabou conhecendo alguns deles que eram professores aposentados da Universidade da Cidade do Cabo, onde Coetzee nasceu, e conviviam normalmente em sociedade. "Estas pessoas acabavam não achando estranho ter relações cordiais comigo. Estes censores pensam em si como pessoas civilizadas", ressaltou, citando o exemplo do czar Nicolau I, que se ofereceu para ser o censor pessoal de Aleksander Púshkin, para protegê-lo da análise de funcionários ordinários do czarismo.

Segundo Coetzee, eles não queriam livros que incitassem as massas ou que reproduzissem a propaganda comunista ou o pensamento de Karl Marx. "Queria entender porque eu recebi um tratamento especial. Primeiro porque sou branco, mesmo que não um afrikaner puro. Segundo porque vim da inteligentsia, a mesma classe dos censores. Terceiro que meus livros não eram populares e nem para as massas. Quando eles negaram a publicação de um livro ou o consideraram um objeto indesejado acabaram reproduzindo o mesmo sentimento totalitário de outros regimes ao longo da história. Hoje fizemos algum progresso em relação àquela época, mas é importante alertarmos ainda os países que vivem sob censura", finalizou.

http://portallw.correiodopovo.com.br/ArteAgenda/?Noticia=496812

* Povos Indígenas de Pernambuco


Povos Indígenas de Pernambuco


 




Atikum

Fulni-ô

Kambiwá

Kapinawá

Pankará

Pankararu

Pipipã

Truká

Tuxá

Xucuru

* Povos indígenas no Nordeste do Brasil

A região do nordeste brasileiro abriga diversas comunidades indígenas. Caracterizados pelo fenômeno das emergências étnicas, os grupos indígenas na região vem aumentando em número ao longo do século XX. Abaixo são apresentados a evolução da ação dos órgão brasileiros face ao povos indígenas desta área.
De acordo com dados da FUNASA na área cultural nordeste do Brasil existia em 1996, 286.137 índios distribuídos em pelo menos duas dezenas de etnias localizados em unidades da federação brasileira que incluiam desde Minas Gerais ao Ceará ou seja uma área geográfica superior à divisão geográfica usual da região nordeste.

Histórico

Armas de povos indígenas do Ceará, 1862.
Na década de 1940 já eram reconhecidos e tinham postos indígenas do Serviço de Proteção aos Índios - SPI funcionando, os povos indígenas Fulni-ô/PE, Potiguara/PB, Pankararu/PE e Pataxó-Hã-Hã-Hãe/BA ("remanescentes" Pataxó, Baenã, Kariri-Sapuyá, Kamakã e índios de Olivença). Em Minas havia postos para atender os Maxakali e Krenak ("remanescentes" dos grupos Botocudos Nakrehé, Krenak, Pojichá) os últimos "índios selvagens" do Leste.
Durante os anos 40 foram instalados postos para atender os Tuxá/BA, Atikum/PE, Kiriri/BA e Kariri-Xokó/AL. Já havia notícias a respeito dos Xukuru/PE e Xukuru-Kariri/AL que só vieram ter postos indígenas na década de 1950. Mobilizações como a dos Truká/PE, Kambiwá (índios da Serra Negra)/PE e Pankará/PE iniciam-se timidamente nestes anos.
Totais nos anos 1940: 10 postos indígenas incluindo Maxakali e Krenak. Mais notícias de pelo menos 5 outros grupos se mobilizando.
O Antropólogo norte-americano David Hohenthal Jr. em textos publicados na década de 1950 e num relatório entregue ao SPI, sobre os índios da 4ª Inspetoria Regional do SPI - IR 4, especialmente os do Rio São Francisco menciona a existência ainda dos Pankará (Serra da Cacaria), Kambiwá (em Serra Talhada, fugidos da Serra Negra), Truká, Pankararé/BA e Shokó de Olho d'Água do Meio (atuais Tingui-Botó)/AL, além dos Natu, em Pacatuba, Sergipe e Baishóta, na imediações da Serra Umã/PE. Os Wakonã que ele menciona seriam os Xukuru-Kariri.
Na década de 1970 alguns destes povos iniciam mobilizações étnicas e passam a contar com postos indígenas constituindo um novo momento nos processos de etnogêneses na região: Kambiwá e Pankararé. Na Bahia são criados postos para atender os Kaimbé e os Pataxó de Barra Velha, em Minas os Xakriabá são reconhecidos em finais dos anos 1960.
Na virada para os anos 1980 mobilizam-se os Xokó da ilha de São Pedro em Sergipe, os Tingui-Botó, Karapotó e Wassu-Cocal em Alagoas, os Truká e Kapinawá em Pernambuco. Os Tupiniquins e Guaranis do Espírito Santo também se mobilizam por esta época.
A partir de 1986 ganham corpo as reivindicações dos Tapeba e Tremembé no Ceará, dos Jeripankó em Alagoas e dos Kantaruré e Pankaru na Bahia. Desse modo chegamos ao final dos anos 1980 com um total de 29 povos indígenas no Leste-Nordeste.
Na década de 1990 as emergências étnicas estenderiam-se ainda mais pela região, abrangendo grupos no Ceará (Pitaguary, Jenipapo-Kanindé, Kanindé, Tabajara, Kalabaça e Potiguara), Alagoas (Kalankó e Karuazu), Minas Gerais (Caxixó e Aranã), Pernambuco (Pipipã) e Bahia (Tumbalalá).
Nos últimos cinco anos, outros grupos tem emergido, como os Pankará e Pankaiuká, em Pernambuco, os Catökinn, Koiupanká e Aconã em Alagoas, os Tupinambá de Olivença e Tupinambá de Belmonte na Bahia, os Eleotério do Catu, Mendonça do Amarelão e Caboclos do Assu no Rio Grande do Norte, os Anacé, Jucá, Payaku e vários grupos Tremembé, Tabajara e Potiguara no interior do Ceará, até mesmo no Piauí já há notícias de um grupo se organizando através da Associação Itacoatiara dos Remanescentes Indígenas de Piripiri[1] e dos grupos Codó Cabeludo, em Pedro II e Kariri (Caboclos da Serra Grande) em Queimada Nova.
Para completar este quadro podemos afirmar que há registros da existência de "comunidades" com ascendência indígena em vários outros locais do Nordeste e que no futuro podem demandar reconhecimento, alguns grupos já o fazem, mas enfrentam oposições até mesmo de certas parcelas do movimento indígena: No Ceará, há registros de grupos identificados como Tubiba-Tapuia, Gavião, Tupinambá, Kariri e Paupina
Em Pernambuco, há mobilização étnica no Brejo do Gama, seguindo a esteira da etnogênese Pankará; alguns antropólogos e missionários identificam populações com ascendência indígena em Triunfo, Barreiros, Orocó e Santa Maria da Boa Vista, em áreas de antigas missões, mas que não mobilizam de modo amplo (para setores do estado e intermediários da sociedade civil) sua origem indígena enquanto um elemento político, há um certo tipo de reconhecimento local dessas identidades, embora também haja o reconhecimento de ascendência negra, e o que é mais forte na região de Orocó e Sta Maria da Boa Vista (rio São Francisco) é a participação no circuito de trocas rituais do toré e da jurema com os índios Truká, Tumbalalá e Atikum. Fora o fato de que estas comunidades encontram-se ameaçadas de serem relocadas pela construção de barragens nas imediações da Ilha da Assunção.
Em Alagoas fala-se nos Caeté, de São Miguel dos Campos e Cururupe. Referências outras existem para Rio Grande do Norte, Piauí, Paraíba, Sergipe (Kaxagó em Pacatuba) e Bahia (Missões do Aricobé), mas não há notícias de mobilizações indígenas ou da presença de mediadores sociais que possam ajudar a deflagrar processos de etnogêneses nestes locais (lembremos que estamos falando agora de grupos com ascendência indígena identificada em níveis mais sutis e circuitos mais fechados de interação, p.ex. Conde e Alhandra).
Mais recentemente, no município de Paulo Afonso na Bahia, uma comunidade multiétnica de índios urbanos, composta por famílias Truká, Pankararu e Fulni-ô passou a reivindicar o reconhecimento como povo indígena Tupã.

Povos e Respectivas Terras Indígenas no Nordeste e Leste do Brasil

Povo [Terra(s) UF]
¹Inclui as etnias, ou "famílias étnicas", Baenã, Camacã, Cariri-Sapuiá, Pataxó Hã Hã Hãe e Tupinambá do Caramuru.
Outros grupos étnicos (com situação a esclarecer):

Referências gerais

Referências citadas