domingo, 14 de julho de 2013

* Telles Júnior continua escanteado pelo poder dominante!

Dia 13 de Julho, aniversário de Telles Júnior.
Festejos programados no Centro Cultural do GRUCALP foram adiados devidos a atropelos diversos. E luto em homenagem ao artista Geraldinho Palmares (Sócio Honorário do GRUCALP), amigo que se foi deste mundo, dia 10, então Centro Cultural do GRUCALP com 3 dias de luto...
Será comemorado junto com os 40 anos de palco de Jaorish.

Telles Júnior, um artista abnegado, construtor cultural de Palmares – PE à dedicou mais de 40 anos de sua vida. Sempre tendo o GRUCALP como ponto de apoio e batalhão de lutas culturais.
Poeta, teatrólogo, dramaturgo, pintor, cronista, contista, escultor. Um artista que não quis brilhar nos grandes centros metropolitanos do Brasil e do mundo, porém suas obras foram levadas pelo mundo afora. 
Polêmico, questionador, crítico. Engajado em lutas sociais, era temido pelos politiqueiros por ser um formador de opiniões. E por esse motivo, recebeu muitas promessas de políticos que não foram cumpridas.

Telles Júnior terminou vida terrena em extrema depressão, diante das decepções sofridas com os falsos amigos e ingratidões.
Ajudou muitas pessoas com seus jeito acolhedor e educando aos jovens através da arte libertadora. 
Outro ano sem os detentores do poder municipal lembrar do Mestre Telles Júnior. Se a família do artista não lembrar, esses ditos "resgatadores da cultura" não lembram. 
O Museu Telles Júnior está abandonado. Criado pela família do artista preservando o atelier onde ele trabalhava. O desgaste diante do tempo, problemas de cupins danificaram o ambiente e atualmente está com obras provisoriamente expostas no Centro Cultural do GRUCALP. Não houve desamparo total porque verba foi adquirida de uma Emenda Legislativa na Assembléia Legislativa Estadual de Pernambuco, defendida pela Deputada Tereza Leitão - PT. Mas que precisaria do Governo Municipal trazer para a ONG GRUCALP. Durante 3 anos Direção do GRUCALP tentou resolver o assunto diante da assessoria do governo anterior de Palmares, omissa ao fato, mesmo com a documentação em mãos.
O descaso continua diante de "outras prioridades" seguidas pelas assessorias de cultura da Prefeitura Municipal.
Quem não buscou o estrelismo noutros rincões não tem vez, mesmo que sangre pela terra palmarina, enquanto a hipocrisia se ufana sob a sombra do culto interesseiro dos vultos famosos para terem "ibope" como afirmou recentemente um desses efêmeros assessores.
Jaorish, filho de Telles Júnior, escreveu um livro sobre o pai que está aguardando condições para publicação.

 

ZUMBÍ EM MEU CORPO
 (Telles Júnior)


A Liberdade é negra
neste mundo de negros destinos.
A Liberdade é ZUMBI,
Nos homens escravos ao toque de sinos.
No toque dos sinos
o som inda e o negro
pendurado nos brancos de cor.
É ZUMBÍ no desespero da luta,
renascendo em Palmares,
revivendo o QUILOMBO
no peito arfante.
-mocambo sangrento-
onde impera o reino do horror.

                   Meu peito é a Matriz onde canta ZUMBÍ,
                   sem toque de sinos, com imagens de Vida!
                   Meu estro é a Serra, onde o negro poeta
                   faz do verso a canção, a espada e a lança.
                   Meu peito ardente de homem e esteta,
                   de Palmares é um campo, onde a luta renhida
                   é um sonho de artista, alma irrequieta,
                   onde a Liberdade é visão de esperança.

Mocambos caídos...
                                      Quilombos morrendo...
                                      Palmares agonizando...
                                      Nas searas, nos campos,
                                      ZUMBÍ se matando
                                      pelos homens de cor!
                                      E os sinos tocando
                                      outras eras anunciam,
                                      com o branco escravo
                                      do branco senhor!
                                      O Artista é ZUMBÍ
                                      na senzala da Arte,
                                      com o pincel e a pena
                                      expressando uma dor.
                                      Os Séculos passaram
                                      com os sinOs tocando
                                      e ZUMBÍ se matando
                                      no Artista Sonhador.

Meu sonho de Artista, de ZUMBI é o sonho!
O som de minha voz, de ZUMBI é o grito!
Do meu peito, na Serra, está ZUMBI sempre aflito!
ZUMBÍ em minha carne, meus ossos, meu sangue,
É o Artista sofrido, cantando os pesares
De um povo em luta, exausto, exangue,
Às margens do UNA, no chão dos PALMARES!

Telles Júnior pintando em seu atelier GALERIA DE ARTE ZUMBÍ

Telles Júnior entalhando em seu atelier GALERIA DE ARTE ZUMBÍ

Telles Júnior autografando exemplares do livro "Assim Falou Telles Júnior", dia 13 de Julho de 1995, na Loja Maçônica Fraternidade Palmarense Nº1. Ao lado dele, o poeta Luiz Alberto Machado e Inês Koury.



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